Passados que estão mais de
100 anos sobre o efeito devastador provocado por uma epidemia chamada “Pneumónica”,
que dizimou 20 milhões de pessoas pelo Mundo fora, e que só em Portugal foi
responsável pela Morte de 60 mil pessoas, entre as quais, Amadeo de
Souza-Cardoso que viria a sucumbir à doença precisamente em Espinho, eis que
estamos novamente, e passados mais de 100 anos, confrontados com nova epidemia
à escala mundial.
Neste contexto de emergência
social, aqui fica um trabalho de investigação, da autoria de João Céu e Silva
publicado no Diário de Notícias a 17 de Março de 2018, sobre aquilo que foi a
“Pneumónica”.
Naturalmente, que o contexto histórico, social e civilizacional é outro, mas a verdade é que somos hoje, chamados a tomar parte no controle e contenção do surto de contaminação do COVID-19, nessa medida, é bom recordar, aquilo que os nossos antepassados viveram e sofreram, na certeza de que, munidos do avanço técnico e civilizacional decorrente de uma distancia temporal superior a um século, temos hoje, obrigação de fazer muito melhor. Devemo-lo a nós próprios, e devemo-lo sobretudo aos nossos antepassados que, esses sim, não tiveram meios de impedir aquilo que foi o efeito catastrófico provocado pela “Pneumónica”.
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A epidemia que veio de Espanha e matou mais de 60 mil
portugueses
De um dia para o outro, em 1918, as pessoas começaram a
morrer em Vila Viçosa e o número de mortes não mais parou até atingir muitos
milhares em pouco meses. Em três ondas, a pneumónica - também conhecida por
gripe espanhola - matou principalmente jovens e não poupou nenhuma classe
social em Portugal.
Nossa Senhora de Fátima pode ter escolhido Jacinta e
Francisco para testemunharem as suas aparições na Cova da Iria, mas a
pneumónica não os poupou poucos meses depois. Nem a uma mão-cheia de artistas
que poderiam ter sido famosos em todo o mundo, como o pintor Amadeo de
Souza-Cardoso ou o pianista António Fragoso, ambos jovens mas com uma carreira
bastante promissora e já com obra feita, que estavam na idade
"preferida" para as vítimas do vírus da também chamada gripe
espanhola.
Em Portugal o número oficial de vítimas é superior a 60 mil.
A doença varreu o país a uma grande velocidade, tanto assim que a falta de
caixões para os funerais foi um dos resultados imediatos, o que fazia que
muitas famílias os comprassem por antecipação e guardassem debaixo das camas
onde os seus membros agonizavam.
A pneumónica apanha o mundo e as autoridades sanitárias
desprevenidas, até porque ainda se desconhecia a existência do vírus, e
Portugal não escapa ao surto quando no final de maio de 1918 surge o primeiro
caso em Vila Viçosa, e rapidamente o contágio se propaga pelo país de sul para
norte. Os mortos portugueses são uma ínfima parte dos mais de 20 milhões de
vítimas em todo o mundo - embora existam estimativas que apontam para números
bem mais altos -, mas é uma quantidade tão impressionante que pode ser
considerada a mais alta para uma doença do género em Portugal.
As origens da pneumónica a nível mundial nunca foram
exatamente localizadas, havendo várias teorias (ver peça secundária), entre as
quais a de ter nascido na Ásia ou ou em cidades europeias como Brest ou
Bordéus. Os últimos estudos apontam os Estados Unidos como o local onde
surgiram os primeiros casos.
A sua entrada em Portugal deu-se através dos trabalhadores
sazonais portugueses que iam para Badajoz e Olivença e que trouxeram a doença
para a localidade alentejana de Vila Viçosa, onde no fim de maio ocorre a
primeira morte. No dia 4 do mês seguinte é registado outro caso em Leiria,
confirmando a fácil propagação em todo o território, pois vai da zona perto da
fronteira com Espanha - seguir-se-á Guarda, Castelo Branco, Beja e Évora - para
o litoral e chega rapidamente aos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto.
Segundo cálculos oficiais, os índices de maior mortalidade verificaram-se em
Benavente, onde sete em cada cem pessoas morreram da gripe.
Não existem muitos documentos fotográficos nem notícias
sobre a pneumónica em Portugal porque a I Guerra Mundial dominava as atenções
O desconhecimento do vírus que estava na origem da epidemia
dificultou o seu combate e o caos político e social que Portugal vivia tornou
ainda mais complexa a sua contenção. As notícias que iam surgindo nos jornais
eram poucas, até porque se estava em plena Guerra Mundial. No Diário de
Notícias de 29 de maio de 1918, o primeiro título era "A Guerra" -
que se manteria por muito tempo a abrir a edição - e só na oitava de dez
colunas de noticiário é que surgiam ecos da pneumónica: "A epidemia em
Espanha", e avisava-se o seguinte: "É provável que em Portugal também
venha a sentir-se." Os sintomas das vítimas eram incompreensíveis para a
época e questionava-se se seria cólera.
Vila Viçosa sem memória
Apesar da violência da epidemia em Vila Viçosa, quando se
percorre esta terra em busca de memórias o que se verifica é a total ausência
de lembranças de uma tragédia que está a fazer cem anos. Talvez por uma questão
de feitio da população, foi o que garantiu um morador à reportagem do DN,
ninguém quer recordar essa época. Na Associação de Apoio ao Idoso ninguém se
lembra da pneumónica, nem sequer de ouvir tal palavra... Diga-se que a
associação conta com cerca de 300 sócios e na tarde em causa estavam naquele
espaço mais de três dezenas das pessoas com mais idade da região. No entanto,
vários evocam o ditado "De Espanha nem bom vento nem bom casamento",
que nada tem que ver com a doença - refere-se ao vento Suão e aos maus
casamentos reais ibéricos - mas que ficou ligado à pneumónica no século
passado.
Um dos que recordam o ditado é o senhor Pompílio, de 84
anos, que ao fim de muita insistência lá se recorda de ter ouvido falar da
pneumónica: "Pois, morreu muita gente na altura mas não me lembro de mais
nada." Após mais alguma insistência, acrescenta: "Foi uma epidemia em
que morreu muita gente." E fica-se por aí, tendo o interrogatório cerrado
aos restantes resultado pouco, preferem jogar às cartas. Quando se pergunta se
a jogatana está boa, um deles responde: "Para o que é está sempre
bom." Abel, o responsável da associação, explica que não é só aquilo que
os idosos de Vila Viçosa ali fazem, pois há excursões e sardinhadas, tudo à
conta dos 50 cêntimos mensais de quota, o mesmo preço de um café nas
instalações. Trabalhou nas Finanças locais durante 35 anos e conhece toda a
gente, mesmo não sendo nascido em Vila Viçosa. Sugere que se fale com o sócio
mais velho, Clemente, de 94 anos. Alguém refere que é um indivíduo com uma
"memória fora do normal" e que "sabe dessas histórias
todas".
Os bombeiros de Lisboa tinham um veículo para atender às
inúmeras vítimas e os militares colaboravam
Antes de se chegar à sua porta, passa-se pelo
estabelecimento de José Mariano, 93 anos, que vende jornais. A resposta sobre
os efeitos da pneumónica na localidade repete-se. De nada se lembra. Fica-se a
conversar e a insistir na pergunta até que se rompe a barreira e recorda que
ouviu contar coisas sobre muitas mortes. Há sempre a palavra família envolvida
porque a pneumónica não escolhia um mas vários membros do agregado familiar.
Talvez essas memórias estejam apagadas porque a sua própria mãe morreu cedo.
Com muita insistência, lá interrompe a leitura do Diário de Notícias e relata
um pouco da história da sua vida: "Lembro-me de quando a minha mãe morreu,
quanto à gripe, não." Depois diz: "Lembro-me da pneumónica, mas
lembro-me de outras gripes, como a que matou a minha mãe quando eu tinha 3
anos. Eram dezenas e dezenas a morrer por aí com tuberculoses como ela." E
a sua avó nunca lhe contou nada? "Aquilo não se curava, as pessoas morriam
todos os dias às duas e às três. Nem havia caixões para tanta gente, as pessoas
eram jogadas para a terra", recorda. Continua: "Havia muita
pobreza... Eu, antes de ir para a escola, andava com o pé descalço. Fui
abandonado muito em pequenino e andei sempre aos tombos, às abas das minhas
tias e da minha avó." Indo à questão que a reportagem pretende, volta a
insistir--se: e as pessoas tinham medo da pneumónica? "Eram muito
atrasadas e a assistência não era como agora, na altura não havia nada. A
pessoa estando com uma febre, agasalhava-se e tomava coisas quentes a ver se
aquilo passava. Mas não passava."
Está na hora de ir procurar o mais velho de Vila Viçosa, o
senhor Clemente. "Pode ser que ele se lembre", remata José Mariano.
Também aqui a disponibilidade é pouca e quando entreabre a porta é sempre com
vontade de voltar a fechá-la e dar a conversa por terminada: "Não me
lembro de nada." Insiste-se e lá vem a mesma lengalenga: "Ouvi
pessoas mais velhas contar que morreram muitas pessoas..." Continua sem convicção:
"Era o que se ouvia dizer destes tempos. Ó meu amigo, estou muito
esquecido."
Pobres responsáveis por epidemia
Já a norte existe mais memória sobre a pneumónica. A
investigadora Alexandra Esteves lembra-se de testemunhos da própria avó, que
contava como fora grande o flagelo no Alto Minho: "Falava muito da gripe
porque ela teve tifo e ligava-a à outra epidemia, muito maior." A
investigadora tem em curso um trabalho sobre epidemias nesta região do país por
ter encontrado semelhanças entre as de cólera do século XIX e depois a
pneumónica no início do século XX: "Os comportamentos dos doentes foram os
mesmos e as medidas das autoridades praticamente iguais. O grande problema era
o de a população não aceitar a restrição de movimentações, não se respeitarem boas
práticas de higiene e existir a ideia de que eram os pobres os responsáveis
pela propagação da doença. Aliás, foram sempre eles o bode expiatório na
cólera, no tifo, na varíola e na pneumónica, apesar de em qualquer caso a
doença entrar tanto no casebre como no palácio."
Na região mais próxima à fronteira espanhola viveu-se o
pânico porque, diz, "foi uma gripe que levou muita gente em Melgaço,
Monção, Valença e Cerveira, bem como nos concelhos de Paredes de Coura e de
Viana do Castelo". Entre as razões que agravavam o alastramento da
epidemia estava a assistência hospitalar: "Os hospitais eram para pobres e
havia uma grande resistência das outras classes sociais em ingressarem nesse
espaço. Queriam ser tratados em casa e ficar junto dos seus familiares, o que ajudava
à propagação da doença. Foi mesmo um dos principais motivos para que nesta
região a doença se descontrolasse." Acrescenta outra condicionante:
"Em 1918, vivia-se um cenário marcado por uma crise política, a falta de
bens essenciais e a nível sanitário eram condições terríveis. Faltavam médicos
e muitos foram vítimas da doença; faltavam produtos para tratamento e as
populações preferiam as mezinhas; havia uma grande desconfiança das populações
relativamente ao saber médico; as casas do Minho não eram lugares de grande
conforto, na maior parte das vezes um espaço dividido com os animais, sem casas
de banho e uma relação preconceituosa com a água. Tudo isso limitava o controlo
da doença."
18 meses foi quanto tempo demorou a conter o vírus da
pneumónica, que varreu o mundo de março de 1918 a agosto de 1919
Para tornar a situação mais complexa, a propagação era
rápida devido a haver nesses meses de verão muita circulação de pessoas por
causa do trabalho agrícola em diferentes locais, além da proliferação de festas
e romarias: "Eram deslocações que aconteciam muitas vezes para o outro
lado da fronteira, onde a doença grassava de forma intensa. Controlar as
populações era coisa impossível, pois reagiam mal às determinações das
autoridades sanitárias, tendo mesmo existido violência."
Alexandra Esteves escolheu este tema para investigar devido
ao seu interesse no estudo do sistema penal em finais do século XVIII e XIX
nesta região: "Ao estudar as cadeias estamos a falar em espaços também de
morte por serem insalubres e deparei-me com a posição das autoridades face a
surtos epidémicos." No caso da cólera não faltam fontes, mas para a
pneumónica o que prima é a sua ausência: "Até as notícias nos jornais são
poucas porque acontece um silenciamento em torno da doença." Esse silêncio
foi uma das razões que a levaram a querer saber o porquê de a maior epidemia da
história da humanidade ser tão pouco estudada, tanto em Portugal como no resto
da Europa: "Os testemunhos orais são difíceis de encontrar e, por norma,
referem uma doença que rapidamente levou muitos jovens. Uma explicação para o
silêncio é a colagem à Primeira Guerra Mundial, com mortes mais difíceis de
aceitar. Só que esta explicação não convence totalmente porque as principais
vítimas são jovens e o falecimento causaria grande comoção social." Por
isso tudo, conclui, "falta um grande estudo a nível do território nacional
para se perceber o que aconteceu".
Um presidente junto do povo
Quando se questiona se se poderia ter combatido a pneumónica
de forma diferente do que aconteceu em Portugal em 1918, a investigadora Helena
Rebelo de Andrade, do Instituto Ricardo Jorge, considera que não: "Tendo
em conta os conhecimentos da época, fez-se tudo o que era possível. Não se
conhecia o vírus e existia uma grande discussão na literatura médica da época
sobre a causa da doença. Como a primeira onda teve um carácter mais benigno do
que a segunda, que se caracterizou por casos mais graves, com relatos de
síndrome de dificuldade respiratória aguda, de pneumonia fulminante com mortes
súbitas, muitos duvidaram de que se tratasse apenas de gripe". Dessa
forma, eram várias as "opiniões divergentes" quanto às causas e às
formas mais eficazes de tratar a doença. "Apesar de todo o arsenal de
conhecimento decorrente das descobertas da bacteriologia do final do século
XIX, os conhecimentos sobre a gripe eram incipientes. As medidas tomadas para
combater a pandemia foram semelhantes às aplicadas para o tifo exantemático e
para a peste bubónica, com banhos obrigatórios e a desinfeção de roupas e
casas, o isolamento de doentes e dos seus contactos, as vistas domiciliárias e
a notificação obrigatória dos epidemiados, com a cidade dividida em áreas
sanitárias e a obrigatoriedade de guias sanitárias para os viajantes. Perante a
gravidade da segunda onda, tomaram-se muitas medidas para combater a pandemia
num curto espaço de tempo, mas no entanto insuficiente perante a rapidez e a
violência da epidemia e a enorme carência de recursos."
Quanto ao papel de Ricardo Jorge, Helena Rebelo de Andrade
refere-o como importante: "Na qualidade de diretor do Conselho Superior de
Higiene e de diretor-geral de Saúde, a Ricardo Jorge deve-se a coordenação do
combate à epidemia de gripe em 1918 e 1919, tendo promovido medidas sanitárias
que passaram, entre outras, pela informação da população, a organização de
serviços sanitários de emergência, a imposição de medidas preventivas. Perante
a gravidade da segunda vaga da epidemia, foi--lhe atribuído ainda as funções de
comissário-geral extraordinário do governo. Severo crítico do fecho das
fronteiras de Espanha, Ricardo Jorge empenhou--se, sob o pseudónimo de Doutor
Mirandela, na denúncia, em artigos de opinião, do Muro da China erguido pelos
espanhóis, defendendo a ineficácia do cordão sanitário."
A resposta política em 1918 teve ainda uma grande ajuda do
presidente Sidónio Pais, atuação que a investigadora confirma: "Ele fez da
pneumónica uma bandeira política, viajou pelo país inteiro numa campanha de
proximidade com a população numa altura muito conturbada. Éramos um país
maioritariamente rural, com sucessivas epidemias e as consequentes crises
sanitárias, a viver uma crise política e com a Primeira Guerra Mundial como
pano de fundo."
Quanto ao facto de a população jovem ser das mais afetadas,
aponta várias razões: "A movimentação das tropas poderá ser uma, pois é
uma população jovem ativa e que está junta nos aquartelamentos militares,
favorecendo uma taxa de ataque maior, além de que os mais velhos já tinham tido
contactos anteriores com gripe que deixaram alguma proteção. Também a má
nutrição decorrente da extrema pobreza deixava a população mais vulnerável,
contribuindo para propagar a doença e aumentando o número de casos mais
graves."
Amadeo e António Fragoso
Se no povo de Vila Viçosa falta memória, já os descendentes
de portugueses cuja carreira ficou pelo caminho não se esquecem. É o caso do
pianista António Fragoso, que vivia na Pocariça, local onde a pneumónica foi
devastadora e atingiu dezenas de famílias. Para o descendente Eduardo Fragoso
foi um dos casos mais dramáticos na povoação: "Os meus avós viram partir
quatro filhos em cinco dias e o pianista foi o primeiro a morrer." A mãe
de Eduardo Fragoso foi a única que se salvou e quis homenagear o irmão
divulgando ao máximo a sua obra, tendo conseguido um contrato com a Valentim de
Carvalho para editar a obra completa, mesmo que o incêndio do Chiado tivesse
provocado a destruição de parte do espólio. Grande parte da obra foi gravada,
como a Integral para Canto, Piano e Câmara e várias peças emitidas pela Emissora
Nacional. Neste centenário da morte será editada uma biografia atualizada à luz
de todas as descobertas mais recentes, como a de ter composto a primeira obra
aos 12 anos.
É também o caso do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, que há poucos anos teve uma mostra quase integral da sua obra exposta na Fundação Calouste Gulbenkian e mais recentemente no Grand Palais em Paris. O historiador Luís Damásio, casado com uma familiar do pintor, tem estudado a sua vida e vai publicar uma biografia em dois volumes com novos e importantes aspetos, designadamente sobre as condições da própria morte do pintor nascido em Manhufe.
É também o caso do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, que há poucos anos teve uma mostra quase integral da sua obra exposta na Fundação Calouste Gulbenkian e mais recentemente no Grand Palais em Paris. O historiador Luís Damásio, casado com uma familiar do pintor, tem estudado a sua vida e vai publicar uma biografia em dois volumes com novos e importantes aspetos, designadamente sobre as condições da própria morte do pintor nascido em Manhufe.
É o caso de uma última carta do pintor dirigida ao irmão
António, em que "já descrevia alguns sintomas de mal-estar. Vai ter o
cuidado de se prevenir pois Amadeo revelava um pressentimento trágico para o
futuro da família". A 25 de outubro, "depois de uma noite de grande
aflição, morre em Espinho", conclui o historiador.
A pneumónica não abandonou Portugal antes de ter feito mais
de 60 mil vítimas mortais. Após a primeira onda que vai de maio a final de
julho, a segunda irá até janeiro do ano seguinte. A terceira onda, que nem
todos os países registaram, irá durar até ao verão de 1919. Enquanto isso, a 4
de outubro de 1918, o jornal A Luta publicava a seguinte notícia: "Pode
dizer-se que já alastrou por todo o país, e em Lisboa grassa com intensidade.
Mandou o governo que não prosseguissem os exames nos liceus e que todos os
estabelecimentos de ensino não funcionem até nova ordem. É certo que os teatros
e os animatógrafos continuam abertos, e aí a multidão, para efeitos de
contágio, é mais perigosa do que nas escolas. Divergem as opiniões quanto à
natureza da doença..."
João Céu e Silva
17 Março 2018 — 17:22
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