quarta-feira, 22 de novembro de 2017
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
A GÉNESE DE UMA ESTÂNCIA BALNEAR
O EXEMPLO DA PRAIA DE ESPINHO
O
estar na praia: uma prática social que nasceu em Inglaterra
De um modo geral a época anterior ao
século XVIII desconheceu quase por completo o prazer da vilegiatura marítima,
da praia e do mar, bem como as emoções estéticas, físicas e mentais daí
decorrentes. Aos poucos começou a atribuir-se cada vez mais atenção aos
cuidados com a higiene corporal, em especial ao banho, que passou a ser visto
como factor de saúde e higiene individual e colectiva. A medicina intensificou
a prescrição de tratamentos curativos ou profilácticos de doenças do corpo e do
espírito à base da água do mar, quer por imersão quer por ablução. Assim, a
água deixou de ser vista com carácter de suspeição, como o fora durante quase
toda a Idade Moderna e passou a ser encarada como um agente revigorante e
protector da pele e dos outros órgãos. Como refere o Professor Rui Cascão nas
suas “Notas para a História do Turismo Balnear”, assim se compreende a
importância progressivamente conferida à talassoterapia.
Com o decorrer do século XIX os
habitantes da Europa Ocidental começaram a procurar a praia como local de
veraneio. O gosto pelo mar foi ganhando raízes, e entre finais do século XVIII
e as primeiras décadas do século XIX, período que corresponde aproximadamente
ao Pré-Romantismo e ao Romantismo, a ida a banhos passou a ser sinónimo de uma
prática civilizada entre as elites. A Grã-Bretanha foi o primeiro país a
adoptar esta prática. A aristocracia inglesa, que já tinha incutido entre os
seus pares a vilegiatura termal, criou uma nova forma de lazer, a vilegiatura
marítima, já perfeitamente implantada em finais do século XVIII, e na qual a
praia de Brigthon funcionou como centro difusor deste costume.
Na última década do século XVIII desenvolveram-se centros estivais no litoral da Alemanha, com destaque para
Doberan, Travemünde, Colberg e Kiel (no Mar Báltico), e Nordeney, Wyk e
Helgoland (no Mar do Norte). Em França, o veraneio marítimo começou a dar os
primeiros passos durante o período da Restauração (1815-1830), destacando-se as
estâncias de Biarritz (que mais tarde seria o local privilegiado de veraneio
para a aristocracia francesa, inglesa e castelhana), Dieppe, Boulogne, Royan e
Granville. Nas costas do Mar Mediterrâneo, a difusão da vilegiatura marítima
foi ainda mais tardia. Entre 1830 e 1848, o principal local de veraneio era
Sète. As estâncias de Nice e Cannes só se fazem notar na segunda metade de
Oitocentos, assim como as praias de Montecarlo (Mónaco), Baden Baden
(Alemanha), San Marino (Riviera Italiana), Estoril, Cascais, Granja, Espinho, Figueira
da Foz e Póvoa de Varzim (Portugal), Rio de Janeiro (Brasil) e Mar del Plata
(Agentina), estâncias balneares que se tornaram famosas pela forte componente
lúdica que foram desenvolvendo. A título de exemplo, a cerimónia de inauguração da praia de Dieppe, em 1824, pela duquesa de
Berry, ao meio-dia preciso, e entrando no mar conduzida pelo inspector médico
real das águas, foi um acontecimento de grande simbolismo, que elevou a estadia
à beira-mar à categoria de prática
social
civilizada.
O
papel da Burguesia
Em Portugal a transição do jardim público
para o espaço da praia só aconteceu depois da implantação do liberalismo
(1820). A burguesia liberal foi a responsável pela introdução de novos padrões
de comportamento que a distinguiram dos grupos sociais dominantes do Antigo
Regime, e dois quais salientamos o reforço do papel da família na nova ordem
social e a valorização do ócio e do lazer. Ao dotar as estâncias balneares do
século XIX, de vários espaços sociais, próprios das grandes cidades, a
burguesia fez desses locais, até aí considerados inóspitos, centros
civilizacionais de extrema importância para os vários estratos sociais que se
deslocavam para as praias. Para isso, foi decisivo o desenvolvimento dos
transportes, em especial do caminho-de-ferro, e o papel da publicidade, que se
tornou fundamental para a divulgação das estâncias balneares e das práticas de
talassoterapia, impondo os locais da moda entre as elites, e contribuindo desse
modo para a assimilação dos seus padrões de comportamento por parte dos outros
grupos sociais.
Cosmopolitismo, sociabilidades e
marginalidades em Espinho
A praia de Espinho, de finas
areias e com um relevo marcado por um encadeamento de dunas, era, no primeiro
quartel do século XIX, uma pequena povoação habitada por pescadores oriundos do
Furadouro que para aí foram trabalhar e que acabaram por se fixar junto à
costa, desenvolvendo a tradicional pesca do arrasto ou arte xávega. A partir de
1830 a burguesia dos concelhos limítrofes começou a utilizar o espaço da praia
como local de férias, costume que aos poucos foi transformando a estrutura
habitacional da povoação: aparecimento dos primeiros palheiros de madeira
ricamente ornamentados e das primeiras construções em pedra, por contraste com
os pobres palheiros dos pescadores, num claro sinal de distinção social.
Na
segunda metade do século XIX, e nomeadamente com a abertura da linha do
caminho-de-ferro do Norte, a praia ganhou o estatuto de afamada estância
balnear. O novo meio de transporte alterou por completo o seu quotidiano:
atraiu mais população; fixou novas indústrias e, consequentemente, aumentou os
postos de trabalho; criou novas oportunidades ao nível dos serviços e do
comércio; ligou Espinho aos principais centros populacionais portugueses, e
também à vizinha Espanha; foi um elemento essencial para a mobilidade de
pessoas e bens, designadamente dos vilegiaturistas que todos os anos veraneavam
nesta estância. Em suma, foi um potencial gerador de riqueza.
O
aumento progressivo do número de residentes e de veraneantes, bem como a
introdução de hábitos e costumes próprios de uma cultura urbana, contribuiu de
forma decisiva para o desenvolvimento económico e social da estância balnear.
Neste aspecto, foi de importância capital a passagem a freguesia em 1889, e dez
anos mais tarde a concelho (autonomia administrativa), a definição de uma malha
urbana em quadricula, a expansão da indústria e, principalmente, do comércio e
dos serviços, além da construção de uma rede de infra-estruturas (água,
esgotos, electricidade, telefone, telégrafo, ruas e parques) e de equipamentos
de lazer (teatro, cafés e casinos, cinemas, praça de touros, e espaços
desportivos).
O
interesse pela frequência da praia como uma atitude de distinção social e de
ostentação do novo poder burguês alargou-se aos outros estratos sociais. A
publicidade começou a mostrar às pessoas que o banho de mar era uma prática
civilizacional e, por outro lado, a medicina difundia a ideia da praia
terapêutica e da talassoterapia como cura para vários males. A este facto se
deve a abertura de vários balneários com banhos quentes e frios, de água doce e
salgada, entre 1890 e 1915, o maior dos quais situado na rua 8, no edifício da
antiga sede do S. C. Espinho, comportando 16 quartos para banhos de imersão e 5
quartos para duches. Este balneário
recorria ao serviço de técnicos especializados, nomeadamente de uma enfermeira
diplomada do Hospital da Misericórdia do Porto e do estabelecimento termal de
Vidago.
Espinho, como uma praia abrangente, e ao contrário de praias mais
elitistas, recebia veraneantes das mais variadas origens sociais que se
deslocavam de quase todos os distritos do país. A presença de uma alargada
colónia balnear espanhola, oriunda principalmente da Estremadura e da cidade de
Madrid, dava um toque de cosmopolitismo – a língua de Cervantes ouvia-se em
todos os recantos da estância durante os meses de Julho e Agosto. A praia
também registava uma forte presença de titulares; encontrámos, no decorrer da
nossa investigação, muitos aristocratas que frequentavam em simultâneo as
estâncias balneares de Espinho e da Granja. A participação de algumas destas
famílias na vida social, não se resumia só aos banhos de mar ou às festas. É
nítida a preocupação beneficente em prol dos indigentes. Os capitalistas e
proprietários, juntamente com os magistrados, têm um peso significativo no
cômputo geral dos turistas portugueses que se deslocavam para Espinho. Os
escritores, os músicos e os pintores, que aqui veraneavam, formavam uma elite
intelectual muito própria desta praia, animando a vida cultural, especialmente
as tertúlias e os concertos que decorriam nos cafés mais concorridos. Os
lavradores e os pescadores tinham uma visão da utilização do espaço da praia
diferente dos outros grupos. Os lavradores dirigiam-se para a praia tendo como
única finalidade a terapia marítima. É um grupo que prima por uma presença
discreta que se reflecte nos horários dos banhos e na ausência de contactos
sociais com os outros grupos. As diferenças económicas e culturais contribuíam
de alguma maneira para esse afastamento. Em relação aos pescadores a situação
era diferente. Dependentes exclusivamente do mar, viveram sempre numa luta
constante pela sua sobrevivência. Para o pescador, o espaço da praia funcionava
não como um elemento conducente a práticas consideradas pelos grupos superiores
como civilizadas, mas sim como um meio natural, muitas vezes adverso, que lhe
permitia a sua subsistência diária. A sociabilidade com os outros grupos
manifestava-se, sobretudo, ao nível das práticas religiosas e das actividades
lúdicas de rua. Verificamos porém, que só aqueles que tinham um grau de
instrução mais elevado é que participavam nas actividades culturais.
A componente lúdica e festiva no quotidiano do
veraneante foi, ao longo dos anos, ganhando mais importância. A este facto não
é alheio o grande número de clubes que foram fundados. A vida “mundana” passava
muito por estas instituições particulares. A admissão e presença num clube eram
selectivas e variava de acordo com o estatuto social do cidadão. Assim, a
maioria dos grupos sociais não participava nessas festas e actividades lúdicas.
O pescador, o lavrador, e o operário, quando muito vai a um café, a uma tourada
ou participa nos festejos de carnaval e na batalha de flores. De todos os
divertimentos consideramos a batalha de flores como uma novidade em face das
formas de sociabilidade tradicional. Uma novidade para os residentes e
veraneantes que vão ter uma participação activa nestes festejos, mas também
para centenas de forasteiros que se deslocavam a Espinho atraídos pelo ambiente
colorido de um carnaval fora da época.
O
teatro foi uma das manifestações culturais que teve maior sucesso. A praia de
Espinho fazia parte do roteiro anual das mais importantes companhias
portuguesas de teatro profissional, e também das companhias italianas e
espanholas de zarzuela. O teatro amador começou por estar confinado aos
elementos da elite balnear, estendendo-se aos grupos recreativos que foram os
grandes promotores da cultura popular. O grupo recreativo, ao contrário da
maioria dos clubes, integrava elementos dos estratos sociais mais baixos,
acabando por ser, para muitos cidadãos, o único meio de acesso às práticas
culturais. A sua actividade repartia-se por áreas como o teatro amador, a
música, a dança, a instrução e o desporto. O teatro manteve, ao longo dos anos,
um peso significativo dentro do conjunto das actividades realizadas por estes
grupos. De todos os géneros, o mais representado era a comédia. No entanto,
começa a ganhar importância a temática relacionada com os problemas sociais e
políticos, acompanhando a tendência e gosto naturalistas. O teatro de revista
foi o género mais trabalhado pelos autores locais, e também aquele que obteve
um êxito mais significativo.
A
música era a actividade cultural mais abrangente, fruto da sua descentralização
por vários espaços da praia. Para os mais ricos, o teatro Aliança oferecia um
cartaz onde primavam as companhias de ópera italiana e alguns intérpretes
portugueses de música clássica. A actividade musical dos clubes incluía não só
o tradicional “cotillon”, como também reuniões musicais nas quais participavam
artistas conceituados na área da música clássica portuguesa. Os cafés
apresentavam diariamente saraus musicais de inegável qualidade com a presença
de duetos, quartetos, quintetos e sextetos de categoria internacional. Nos
coretos, as bandas de música tocavam peças do seu repertório, incluindo alguns
temas dedicados à praia Espinho. Eram, por excelência, os locais de mais fácil
acesso à cultura musical. As sociedades musicais, designadamente o Orfeão de
Espinho e o seu principal impulsionador, o Maestro Fausto Neves, com uma vasta
obra repartida por várias especialidades, marcaram durante longos anos a vida
musical espinhense.
As
formas tradicionais de cultura vão ser abaladas com a introdução do cinema.
Espinho tem os primeiros contactos com o animatógrafo, praticamente em
simultâneo com as cidades de Lisboa e do Porto. A adesão ao cinematógrafo foi
maciça, e os vários grupos sociais acorriam às seis salas de cinema fundadas
entre 1896 e 1930. As fitas contempladas reproduzem, sobretudo, o melhor cinema
realizado pelas produtoras francesas “Pathé” e “Gaumont”. O cinema português, a
dar os primeiros passos, não tinha qualquer expressão dentro das salas de
cinema, nem tão pouco podia concorrer com uma produção cada vez mais
industrializada.
A
imprensa local desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do concelho:
defendeu a autonomia administrativa, denunciou erros políticos e apresentou
soluções para alguns dos graves problemas que afectavam a estância balnear. Foi
importante para a definição e estratégia das várias facções partidárias que
lutavam pelo poder, e como formadora e modeladora da opinião pública. Contudo,
os periódicos espinhenses, com a excepção da Gazeta de Espinho, deixaram-se absorver por esse poder e não
resistiram à queda do regime monárquico. Mas o jornal não foi só utilizado para
fins políticos – para a maioria dos cidadãos era o único meio de informação e
de acesso à notícia, e também um agente de formação intelectual e de dinamização
cultural. Muita da literatura e da poesia que se fazia era consumida através
dos periódicos. Na área dos negócios, nota-se a importância do semanário como
um agente de “marketing” para uma boa parte das indústrias, casas comerciais e
dos espaços públicos de lazer.
Com o decorrer dos anos, o movimento associativo foi
ganhando mais força. Surgiram associações das mais variadas índoles: culturais
e recreativas, religiosas e desportivas, mutualistas e assistenciais, políticas
e patronais. O fenómeno desportivo, como uma das novas formas de sociabilidade
dos finais do século XIX, foi uma prática que adquiriu expressão nesta praia. A
tradição do associativismo foi sobrevivendo às sucessivas gerações e continua
muito activa na vida dos espinhenses.
As
festas religiosas perderam algum terreno em face da expansão da sociabilidade
profana. As procissões do Senhor dos Enfermos, Santíssimo Sacramento e do
Sagrado Coração de Jesus tornaram-se irregulares, até que acabaram por se
extinguir. No entanto, a festa de Nossa Senhora da Ajuda, padroeira da praia,
manteve-se incólume e sem grandes alterações. O mesmo sucede com a Irmandade de
Nossa Senhora da Ajuda que, desde 1885, mantém o culto da Virgem Maria. Por sua
vez, as festividades em honra dos Santos Populares, com excepção do Santo
António que pouco ou quase nenhum significado teve nesta praia, foram
resistindo ao tempo. Podemos, todavia, afirmar, que estas manifestações
populares assumiram sempre um carácter mais profano do que religioso.
O
jogo e a prostituição eram duas práticas sociais consideradas marginais e, por
esse motivo, geradoras de grande polémica. Em face da Lei, o jogo de fortuna ou
azar era proibido pelo Código Penal, no entanto, foi sempre tolerado pelas
autoridades através da ambiguidade do Código Administrativo e só em 1927 é que
foi criado o decreto de lei que regulamentou esta prática. A grande fonte de
rendimento que gerava não permitia ao Estado, nem tão pouco aos municípios, que
dependiam em boa medida dessas receitas para a sua sobrevivência, aplicarem a
tão conturbada Lei. Praias como Espinho, Figueira da Foz e Póvoa de Varzim
devem uma boa parte do seu desenvolvimento a essa prática. Pensamos que um dos
factores que levou ao declínio da Praia da Granja foi precisamente a não
existência de uma tradição de jogo. A prostituição movimentava-se bem neste
ambiente cosmopolita, e a sua prática obedecia ao regulamento de polícia
sanitária do distrito de Aveiro. A prostituta era vista como um mal necessário
que a sociedade devia em simultâneo tolerar e controlar. As prostitutas eram
colocadas em ruas destinadas a esse serviço, afastadas do núcleo habitacional
da freguesia. Era, sobretudo, uma prostituição de quarto de aluguer e de casa
de toleradas.
Armando Bouçon
Armando Bouçon
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
OS ESPAÇOS DA VIDA ELEGANTE EM ESPINHO
O Chiado
A regeneração dos
costumes e o inerente desenvolvimento urbano trouxe à vida quotidiana dos
principais centros um novo espaço – o passeio público. Em Espinho, o local
designado por “Chiado” era o centro da vida social, um símbolo da civilização
burguesa. Ao contrário de alguns passeios públicos das grandes cidades que eram
considerados socialmente mais restritos, o “Chiado” de Espinho era um espaço
aberto a todos os estratos, mas não menos interessante do ponto de vista da
ostentação social. Ficava situado a jusante da linha do caminho-de-ferro, entre
a rua Bandeira Coelho (19) e a Avenida Serpa Pinto (Av. 8), e aí se situavam os
principais cafés, casinos, cinematógrafos e também a Assembleia, local muito
frequentado pelas elites. Passear “de cá para lá e de lá para cá no grande
arruamento central”, como escreveu Ramalho Ortigão, obrigava a uns certos
cuidados, principalmente com o trajar, motivo de crítica para os olhares mais
atentos. Funcionava como uma autêntica “passerelle” da moda e dos novos costumes.
Com o sucessivo encerramento dos cafés e das suas esplanadas este espaço perdeu
o esplendor que havia adquirido nos anos cinquenta e sessenta do século XX e
morreu com o enterramento da linha férrea.
Os
Cafés
Os cafés em Espinho, entre os finais do
século XIX e os anos 70 do século XX, marcaram a vida social e cultural da vila
e cidade de Espinho. Eram espaços de acesso democrático e com uma forte
componente cultural, resultante da frequência em maior número de um grupo
social intelectualmente mais evoluído, constituído por políticos, médicos,
literatos, jornalistas, músicos, militares e industriais. O hábito de beber
café, a leitura dos jornais, as cavaqueiras políticas, os amores, o jogo, as
tertúlias literárias, os bailes e o gosto pela música marcavam o quotidiano
destes espaços de sociabilização. De todas estas manifestações socioculturais a
música era uma componente essencial para atrair mais clientela. Os
proprietários desses “cafés-concerto” disputavam entre si a concorrência e, para
o efeito, contratavam duetos, quartetos, quintetos e sextetos de categoria
nacional e internacional. No Verão e em dias festivos, as esplanadas dos cafés
enchiam-se de veraneantes que faziam do “Chiado” o centro da vida cosmopolita
espinhense. O Chinês, Bragança, Peninsular, Central, Madrid, High-Life e, mais tarde, o Palácio, Gil,
Costa Verde, Moderno, Nosso Café, Avenida e Cristal foram, à sua medida,
elementos decisivos na formação de uma cultura urbana muito característica da
cidade de Espinho.
Os Casinos
Se
existe terra em que a tradição do jogo de fortuna ou azar se enraizou, de tal
forma que a cidade já não “vive” sem o seu casino, essa terra é Espinho. A
história do jogo nesta praia começou a partir da segunda metade do século XIX
nos cafés e tabernas que dispunham de salas próprias para esta prática social.
Os casinos pululavam numa zona compreendida entre a Av. Serpa Pinto (Av. 8) e a
rua Bandeira Coelho (rua 19). Existiam casinos de “alta esfera” e casinos de
“baixa esfera” ou “pataqueiras”. Uma das mais emblemáticas salas de jogo do
Portugal de Oitocentos foi o Casino Chinês, designado por Ramalho Ortigão como
“Celeste Império”, todo decorado com motivos orientais, destacando-se no seu
centro a figura imponente de um mandarim de prata. A prática do jogo e o volume
de dinheiro que já movimentava, fizeram desta actividade um trunfo político
para várias lutas, entre as quais destaco a independência administrativa
concelhia com a separação da freguesia de Espinho do concelho de Santa Maria da
Feira. Em 1908 existiam seis casinos com contabilidade organizada – Boa Vista,
Bragança, Central, Chinês, Peninsular e Pires. O Decreto de 1927 que veio regulamentar
o jogo de fortuna e azar continha aspectos positivos e negativos para os
municípios: acabou com a dualidade de critérios expressa nos Códigos Penal
(proibição) e Administrativo (tolerância); obrigava as sociedades
concessionárias a dotarem os casinos de um conjunto de infra-estruturas ligadas
ao sector do turismo (parques, restaurantes, hotéis e esplanadas), da cultura
(salões de leitura, conferências, exposições, dança, teatro e cinema) e do
desporto (campos de jogos); só contemplou
duas zonas (Estoril e Ilha da Madeira) com a concessão permanente,
prejudicando as pretensões de praias como Espinho e Figueira da Foz que lutaram
pela atribuição dessa concessão; a exclusividade do direito de exploração do
jogo atribuído a uma única empresa terminou com os restantes casinos
existentes; reforçou o papel centralizador do Estado ao atribuir somente 10%
das receitas para as Câmaras Municipais do concelho da zona de jogo respectiva.
A partir de 1928 várias empresas concessionárias deram continuidade à
manutenção da tradição do jogo em Espinho com destaque para os nomes de Mário
Ribeiro, Armando e Arnaldo Crespo, Afonso Pinto de Magalhães, David Sousa e Manuel de
Oliveira Violas.
Os Cine-Teatro
O Teatro Aliança foi na praia de Espinho a “grande”
sala de espectáculos até à inauguração do Cine-Teatro S. Pedro em Agosto de
1947. O edifício abriu as suas portas em 20 de Agosto de 1890 e ficava situado
no ângulo das ruas Bandeira Coelho (rua 19) e Av. do Teatro (rua 16), no espaço
hoje ocupado pela Caixa Geral de Depósitos. Para lá das muitas peças de teatro
profissional e amador que foram levadas à cena, o Aliança foi a principal sala
de cinema da freguesia de Espinho. Os anos 40 do Século XX trouxeram novos
espaços à vida política, social e cultural desta Praia, com destaque para o
edifício dos Paços do Concelho, a Piscina Solário Atlântico e o Teatro S. Pedro,
uma sala moderna com uma capacidade de 1.100 lugares sentados repartidos por
plateia, balcão, camarotes e geral. O velho S. Pedro foi uma verdadeira escola
de cultura cinematográfica para muitas gerações de espinhenses. A sua
demolição, que para muitos representou um verdadeiro atentado à dignidade da
cidade e para outros novos ares de modernidade, pôs fim a uma cultura urbana
que marcou a vida da estância balnear desde os inícios do século XX.
Armando Bouçon
Armando Bouçon
terça-feira, 26 de setembro de 2017
A FORMAÇÃO DO CONCELHO DE ESPINHO
As primeiras
referências a Espinho como uma das principais estâncias balneares do país datam
da segunda metade do século XIX. Até 1855 a Costa de Espinho pertencia à freguesia de Ovar,
passando por Decreto de 24 de Outubro desse ano a fazer parte da freguesia de
Anta, concelho da Feira.
Em 23 de Maio de 1889 foi criada a Paróquia de Espinho, tendo o decreto-lei
de 30 de Dezembro de 1890, publicado no diário do Governo de 5 de Janeiro de
1891, determinado a criação da freguesia civil.
A criação do novo
concelho, com uma única freguesia, surgiu dez anos depois, em 1899, com o Decreto-Lei
de 17 de Agosto, que concretizou as pretensões da população. No ano seguinte à
emancipação administrativa, Espinho foi abastecido de água, as ruas começaram a
ser limpas e arborizadas, concretizou-se o alargamento das passagens de nível e
o arranjo da escola Conde Ferreira. A Planta desenhada em 1900 pelo Eng.
Bandeira Neiva continua a ser um dos maiores patrimónios de Espinho,
conferindo-lhe uma singularidade tal, que os números dão “nome” às ruas.
Com a abertura da linha
do caminho-de-ferro do Norte, o novo meio de transporte alterou por completo o
quotidiano da estância balnear: atraiu mais população; fixou novas indústrias
e, consequentemente, aumentou os postos de trabalho; criou novas oportunidades
ao nível dos serviços e do comércio; ligou Espinho aos principais centros
populacionais portugueses e também à vizinha Espanha; foi um elemento essencial
para a mobilidade de pessoas e bens, designadamente dos vilegiaturistas que todos
os anos voltavam a Espinho. Verdadeiro ex-libris do concelho, a praia de
Espinho teve um rápido desenvolvimento, tornando-se um pólo fundamental de
atracão turística e uma referência para toda a região.
Em 11 de Outubro de 1926, e por força do
Decreto-Lei n.º 12437, publicado pelo Governo Provisório chefiado pelo general
Óscar Carmona, concretizou-se o alargamento do concelho às freguesias de Anta,
Guetim, Paramos, Silvalde, Esmoriz, Oleiros e Nogueira da Regedoura, processo
que decorreu de uma consequência natural da dinâmica da vila e do seu
desenvolvimento turístico e económico como unidade administrativa comum, sendo
promovido à categoria de concelho de “segunda classe”. Em Abril de 1928 o
Decreto-Lei n.º 15395 desanexou as freguesias de Esmoriz, Oleiros e Nogueira da
Regedoura, fixando os actuais limites do concelho. A 16 de Junho de 1973 a Vila de Espinho foi elevada à categoria
de cidade e as freguesias de Anta e Silvalde à categoria de Vila, em 27 de Maio
de 1993 e 1 de Julho de 2003, respectivamente.
A identidade do território
espinhense extravasa a orla marítima e percorre um conjunto de lugares com
características muito próprias, assentes numa tradição cultural singular que
remonta a um passado longínquo e do qual a ruralidade se assume como um factor
coevo de ligação entre a terra e o mar.
Composto na actualidade
por quatro freguesias (Espinho, Anta/Guetim, Paramos e Silvalde), no âmbito da
Lei n.º 11-A/2013 de 28 de Janeiro, o concelho de Espinho apresenta uma
economia basicamente assente nos sectores secundário e, sobretudo, terciário. O
tecido industrial integra algumas empresas sediadas em várias freguesias e
apostadas na peculiaridade e internacionalização dos seus produtos e na procura
de novos mercados.
Um conjunto vasto de
património histórico, com destaque para a componente arqueológica, religiosa e
civil encontra-se em todo o concelho. O Museu, a Biblioteca Municipal e o
Centro Multimeios são equipamentos dinamizadores de muita da atividade cultural
e científica que se produz anualmente no município.
Do ponto de vista
desportivo, a cidade tem uma história muito rica, continuando a promover tudo o
que é desporto. O Oporto Golf Club, a Nave Polivalente, o Complexo de Ténis, as
Piscinas e um conjunto de infraestruturas desportivas espalhadas por todas as
freguesias, permitem aos espinhenses e àqueles que nos visitam a prática de
diversos desportos.
Com o decorrer dos anos
o movimento associativo foi ganhando mais força. Surgiram associações das mais
variadas índoles: culturais e recreativas, religiosas e desportivas,
mutualistas e assistenciais, políticas e patronais. Foram no passado, e
continuam a ser no presente, o grande motor de toda a vida social, cultural e
desportiva do concelho.
Armando Bouçon
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
FESTAS EM HONRA DA NOSSA PADROEIRA
NOSSA SENHORA DA AJUDA
NOSSA SENHORA DA AJUDA
Apontamentos para a história do culto Mariano na cidade de Espinho
«O culto Mariano foi aquele que atingiu maior expressão nesta Praia, merecendo a Nossa Senhora da Ajuda honras de Padroeira da povoação piscatória . Desse modo, a única festa que se realiza nesta freguesia dedicada ao culto de Maria remonta à segunda metade do século XIX . A imagem de Nossa Senhora da Ajuda, começou por ser venerada na capela de Nossa Senhora da Guia que havia sido construída em 1808 e demolida em 1883, ano em que foi benzida a primeira capela com a invocação da padroeira. O novo edifício ficava situado “no centro da povoação, ao norte da praça nova, ficando-lhe fronteiro um grande e espaçoso largo e havendo em redor d’ella o espaço necessário e desafogado para ser circuitada por qualquer procissão religiosa [e] que [tinha] a capacidade necessaria e até mais que sufficiente para abrigar dentro aquella população já assás numerosa, pois que muito propriamente podia chamar-se de Egreja do que capella e Egrejas Parochiais [havia] como as de Oleiros, Nogueira e Guetim, mais pequenas” .
A capela possuía um Sacrário, várias imagens de santos, um amplo coro, dois púlpitos, sacristia, uma lâmpada sempre acesa e capelão privativo. A população, para além de prestar culto a Nossa Senhora, era muito devota do Santíssimo Sacramento . Em 1886, a capela “foi elevada à categoria de igreja, passando a matriz quando em 1889, Espinho se constituiu em freguesia” . Em 1910, e devido à destruição pelas invasões do mar da capela que estava ao serviço do culto Mariano, a imagem da Senhora da Ajuda foi definitivamente transferida para a capela de Santa Maria Maior, onde hoje se encontra, e que foi construída em 1877 na rua da Graciosa (8) em frente à linha do caminho-de-ferro .
Os festejos em honra da Padroeira começaram a ser realizados por comissões de pescadores de Espinho. A partir de 1883 receberam o apoio da “Comissão Zeladora do Santíssimo Sacramento da Capela de Nossa Senhora da Ajuda” . Em 1885 foi constituída a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda que ainda tem como primeira finalidade sustentar o culto e veneração da imagem da Virgem Maria, nomeadamente através da celebração anual, no 3.º domingo de Setembro, das festas em honra da Padroeira .
No essencial, tanto a festa religiosa como a profana, não sofreram grandes modificações no decorrer destes anos. A parte religiosa constava de missa a grande instrumental (coro e orquestra), sermão matutino e vespertino, e “majestosa” procissão com vários andores (Senhora da Ajuda, Santa Rita, S. Sebastião, S. Francisco, etc.), muitos anjinhos e devotos. O préstito percorria as principais ruas da Praia, vistosamente iluminadas e embandeiradas, num cenário requintado pelas colgaduras de damasco que se estendiam nas janelas .
A parte profana, que decorria durante todo o fim-de-semana, incluía uma salva de vinte e um tiros a marcar o início dos festejos, fogo-de-artifício e de bonecos, música nos coretos e nas ruas, comidas e bebidas, venda de quinquilharias e artesanato de barro, barracas de tiro ao alvo, corridas de touros, e a tradicional feira das cebolas, no último dia da festa (Segunda-feira) . Predominam os requerimentos enviados à Câmara Municipal a solicitar a respectiva licença para a venda de alimentos (principalmente doces) e bebidas, assim como as barracas de tiro. Os vendedores ambulantes ocupavam sobretudo as ruas situadas a jusante da estação do caminho-de-ferro, em especial o largo de Nossa Senhora da Ajuda, Av. Serpa Pinto (Av. 8) e ruas do Cruzeiro (2), Bandeira Coelho (19) e Bandeira Neiva (23). O Largo e rua da Graciosa (8) era outra zona muito movimentada .
Um dos maiores problemas que se colocava aos organizadores da festa e ao município era a segurança de pessoas e bens. Todos os anos acorriam a Espinho milhares de forasteiros e, por esse motivo, a Companhia do Caminho de Ferro realizava comboios especiais entre Porto e Aveiro a preços reduzidos. Dos comboios saíam “cegos, aleijados, fidalgos e plebeus, tudo [vinha] prestar homenagem a Nossa Senhora d’ Ajuda” . A circulação por ruas e avenidas era bastante complicada, o mesmo acontecendo à entrada dos cafés, hotéis e casas de pasto. Na “estação do caminho-de-ferro, empurrões, apertos e os lugares eram disputados a murro” . Este ambiente buliçoso, propício a carteiristas e passadores de notas falsas, exigia todos os anos um reforço policial por parte do destacamento da polícia civil de Aveiro. Mais tarde, passou a contar com o apoio de agentes da polícia judiciária do Porto .
A Irmandade suportava as despesas da festa que englobavam a cera para os altares e lustres, padres para a missa e procissão, armação da igreja, música para os três dias, pregador, arranjo dos andores, iluminação do arraial, foguetes e fogo de artificio . A despesa com as forças policiais estava a cargo da Câmara Municipal.»
In "Sociabilidades e Marginalidades em Espinho - Práticas Sociais, Culturais e Associativas (1889-1915)".
NOTA: O cliché da fotografia Celeste refere "Capela de Nossa Senhora da Ajuda", quando deveria referir "Capela de Santa Maria Maior".
Armando Bouçon
sábado, 23 de setembro de 2017
PISCINA SOLÁRIO ATLÂNTICO
Com o decreto da regulamentação da lei do jogo de fortuna e azar de 3 de Dezembro de 1927, as sociedades concessionárias dos novos casinos, em consonância com os municípios, foram obrigadas à construção de um conjunto de infra-estruturas de cariz cultural e de lazer. Em Espinho, a reestruturação de velhos espaços e a criação de novos edifícios com a intenção de modernizar e tornar a estância balnear mais apelativa surgiu na década de 30 do século XX e, em especial, com o decorrer da década de 40. O Casino, o Palácio-Hotel, os actuais Paços do Concelho, a Piscina e o Cine-Teatro S. Pedro, exemplificam bem essa época de mudança. O papel desempenhado por várias sociedades de melhoramentos que se foram formando e que tiveram por missão impulsionar o desenvolvimento da terra, também se fez sentir no processo de construção da piscina pública.
A história da sua edificação começou em 16 de Março de 1938, data em que foi presente à Câmara Municipal um requerimento assinado pelos irmãos António e Alberto Calheiros Lobo e José de Almeida Francez, no qual manifestavam o desejo de instalar no norte de Portugal uma piscina onde se pudessem praticar “todos os desportos de natação, [e] cujo melhor local para a sua instalação seria no terreno que confronta[va] do norte com a rua 13, do sul com a rua 17, do nascente com a rua 4 e do poente com a esplanada à beira-mar.” (Defesa de Espinho, 20 de Março de 1938) Na sequência desse desejo expresso, solicitavam a cedência do terreno inserido no espaço compreendido pelas respectivas ruas, afim de poderem executar o seu plano. Os signatários informaram a autarquia que o projecto da obra incluía “todos os aperfeiçoamentos modernos, muito superiores aos dos estabelecimentos congéneres existentes em Portugal, podendo ombrear com as melhores piscinas estrangeiras, sendo o seu custo de algumas centenas de milhares de escudos.” (Defesa de Espinho, 20 de Março de 1938) O sonho tornou-se realidade quando, em 1940, a Câmara Municipal resolveu abrir concurso para a construção de uma piscina-solário.
A proposta, memória descritiva, orçamento e plantas para a construção e exploração, durante 20 anos, de acordo com o regulamento do concurso, de uma piscina-solário, com campo de ténis e minigolfe, foi apresentada à Câmara Municipal em 13 de Novembro de 1940. A elaboração da respectiva proposta foi da competência da Empresa de Melhoramentos de Espinho – Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, com sede e escritório na rua 8, número 271. A constituição definitiva da Sociedade de Melhoramentos realizou-se por escritura notarial em 15 de Novembro de 1941. Dessa sociedade faziam parte o médico Agostinho Calheiros Lobo, os industriais Antero Calheiros Lobo, José Alberto Calheiros Lobo, José de Souza Almeida Francês, Lino Marilio do Nascimento, os proprietários António Augusto de Vilar Saraiva e António Cardoso de Freitas, e os comerciantes Belmiro Ribeiro, José Augusto Rezende Júnior, Mário Pinto Bizarro e Mário Victor Marques Guimarães. Os irmãos Agostinho e Antero Calheiros Lobo e José Augusto Rezende Júnior foram autorizados, em nome da sociedade, a outorgar e assinar o contrato de concessão da construção e exploração da piscina-solário. (Defesa de Espinho, 23 de Novembro de 1941)
O projecto foi elaborado pelos arquitectos portuenses Eduardo Martins e Manuel Passos, sendo depois submetido à Comissão de Estética que o aprovou por unanimidade e, também, enviado à Comissão do Domínio Público Marítimo para se pronunciar. O orçamento apresentado importava em 971.587$37. (Defesa de Espinho, 17 de Novembro de 1940) Do projecto inicial constava a construção de um tanque com 50m de comprimento por 20m de largura e um outro tanque, para crianças, de 10m x 9m, trezentas cabines-vestiário, instalações para diversas espécies de banhos, ginásio e bar “dancing” e, ainda, bancadas em cimento com lotação para 1000 pessoas, entre outras zonas de lazer. O projecto acabaria por ser ampliado com mais trinta metros, tendo sido a empreitada geral adjudicada ao construtor civil António Catarino da Fonseca por cerca de dois mil contos. Finalmente, no Verão de 1942, começavam as tão desejadas obras. (Defesa de Espinho, 30 de Agosto de 1942) A construção do campo de ténis e do mini-golfe não foi concretizada, e em sua substituição foi construído um parque infantil, denominado Paraíso das Crianças, que ocupava o quarteirão situado entre a piscina e o ring de patinagem. O parque infantil dispunha de uma pista para bicicletas e triciclos, rampas, balancés, pontes e outros divertimentos. (Defesa de Espinho, 13 de Junho de 1943)
Em 10 de Julho de 1943, e após um ano de intenso trabalho, era inaugurada a Piscina Solário-Atlântico. Com uma área total de 6.200m2, o seu interior compreendia um tanque de 50x22m denominado “Atlântico”, com profundidade de 1,20 a 5m, outro de 20x10m, para crianças, denominado “Espuma do Mar”, com a profundidade de 0,80 cm, balneários diversos e para banhos de imersão, cabines individuais e colectivas, solários e ginásio. O bar e o restaurante conferiam ao recinto o aspecto próprio de uma grande obra. Por cima do solário principal (com capacidade para 600 pessoas) havia lugar para a colocação de bancadas amovíveis. A imagem de marca da piscina estava e continua a estar bem patente nas suas três pranchas de saltos (3, 6 e 10 metros), hoje desactivadas. Existiam ainda dois trampolins que ladeavam as pranchas, “tobogans” e colchões flutuantes, manufacturados com lã e cortiça. As piscinas são alimentadas com água do mar, na época da sua construção, captada em seis poços, água que era filtrada e renovada constantemente, e a sua iluminação profusa transmitia uma excelente visão nocturna. A cerimónia de inauguração contou com a presença dos alunos das classes infantil e juvenil da escola de educação física do S. C. de Espinho, orientados pelo professor Silvério Vaz, e com os nadadores do Sport Algés e Dafundo, Associação Portuense de Natação, Associação Aveirense de Natação e Associação de Natação de Coimbra. Das diversas provas realizadas destacaram-se uma demonstração de Polo Aquático com arbitragem de Bessone Basto e os saltos de prancha fixa e trampolim. O desportista Alberto César Machado ocupava o lugar de director técnico da piscina. Servindo desde a sua abertura como local de aprendizagem de natação para diversas gerações de espinhenses, o espaço, durante alguns anos, continuou, também, a ser utilizado para provas de natação, saltos e pólo aquático.
O restaurante e bar de apoio, assim como o salão nobre, inaugurado em Julho de 1944, animavam com os seus jantares-concerto, bailes e festas, as noites espinhenses. Actualmente este espaço de lazer, que foi restaurado nos finais da década de 90, continua a ser muito frequentado e é uma das principais referências turísticas da cidade.
Armando Bouçon
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
PASSERELLE
A "Passerelle" sobre a linha férrea do Norte, que estava situada junto à antiga Estação dos caminhos-de-ferro de Espinho, foi colocada em 1893 a pedido de uma Comissão de Melhoramentos da Praia de Espinho. A estrutura em ferro e madeira punha em comunicação a Avenida Serpa Pinto (actual Av. 8) e a Rua da Graciosa (actual rua 8) e era semelhante a uma "passerelle" que estava colocada na linha de Cascais. Este importante melhoramento foi de grande utilidade para a população espinhense, que diariamente tinha que esperar muito tempo para atravessar a Linha enquanto os comboios faziam as manobras na gare. A sua construção fez aumentar a procura pelos veraneantes das casas de aluguer situadas a nascente da linha férrea. Esteve em actividade até 1974.
Armando Bouçon
Armando Bouçon
SERVIÇO EDUCATIVO
O Serviço Educativo da Divisão de Cultura e Museologia da Câmara Municipal de Espinho propõe a consulta do boletim de atividades em vigor, que se encontra acessível em http://portal.cm-espinho.pt/fotos/editor2/Boletim/boletim_servico_educativo_2017.pdf
Telefone: 227326258
Facebook: Serviço Educativo / Divisão de Cultura e Museologia da C.M.Espinho
ATIVIDADES
VISITAS GUIADAS ÀS EXPOSIÇÕES PERMANENTES
Visita e acompanhamento às exposições permanentes:
Fábrica Brandão, Gomes
Arte Xávega
Bairro Piscatório
Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: alunos do 1.º, 2.º, 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
VISITAS GUIADAS ÀS EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
Exposições de artes plásticas, fotografia e documentais
Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: alunos do 1.º, 2.º, 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
UM DIA NUM MUSEU PERTO DO MAR
Projeto dirigido a todas as escolas e grupos diversificados com atividades intimamente ligadas à história de Espinho, ao espólio do Museu, à praia e ao mar.
Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e grupos
GRÃOS DE AREIA - A HISTÓRIA DE ESPINHO EM TEATRO DE SOMBRAS
É na praia que tudo começa, e cada grão de areia conta uma história... a história de Espinho, a história das gentes que trazem o mar nas mãos fortes e salgadas, nos olhos líquidos e profundos, no sangue azul.
Concepção e execução: Teatro e Marionetas de Mandrágora.
Manipulação – Promoção Cultural/ Serviço Educativo
Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e Grupos
Concepção e execução: Teatro e Marionetas de Mandrágora.
Manipulação – Promoção Cultural/ Serviço Educativo
Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e Grupos
ExpressAR-TE!
Existem diferentes modos de se visitar e vivenciar uma exposição. Cada experiência é única e individual. Os diálogos que se podem estabelecer entre as obras artísticas e o observador/ fruidor também são múltiplos. Pode chegar a não existir diálogo. Através de diferentes modos de expressão pretende-se mediar possibilidades de comunicação em 59 minutos.
Local: Fórum De Arte e Cultura - FACE | Outros Espaços Culturais do Município
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e Grupos
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e Grupos
LATA A LATA | CONTOS NO MUSEU
Atividades de expressão plástica e narração oral, enquadradas no panorama da história local, precedidas de uma visita guiada às exposições permanentes do Museu Municipal.
LATA A LATA (oficina de expressão plástica) A beleza das latas de conserva Brandão Gomes salta à vista de tão especiais que são. Vamos decorar uma lata com a tua marca pessoal. Reutilizar é essencial, mas a tua imaginação é crucial.
CONTOS NO MUSEU (narração oral) Todos os Museus contam histórias. O Museu Municipal de Espinho irá contar-te a história das gentes que trabalham e vivem do mar.
Local: Museu Municipal de Espinho
Horário: Segundas-feiras (exceto interrupções letivas) Duração | 45 minutos de visita guiada»pausa»90 minutos de atividade
Público-alvo: 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico (1 turma) Bilhete | 2.50€
Horário: Segundas-feiras (exceto interrupções letivas) Duração | 45 minutos de visita guiada»pausa»90 minutos de atividade
Público-alvo: 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico (1 turma) Bilhete | 2.50€
A HISTÓRIA LOCAL VAI ÀS ESCOLAS
Sessões pedagógicas que pretendem estimular crianças e jovens a descobrir e explorar a história local.
Local: Escolas do concelho de Espinho
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: alunos do 1.º, 2.º, 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário
A HORA DOS MAIORES
Atividade de convívio e partilha de leituras e saberes. O objetivo é proporcionar uma tarde diferente, acompanhada de boas histórias, conversas, jogos, música, cinema, promovendo a aproximação dos seniores ao Museu Municipal.
Local: Museu Municipal de Espinho
Horário: Primeira quinta-feira de cada mês | 15h00-16h30
Público-alvo: Seniores dirigida à população sénior do concelho
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