sexta-feira, 29 de setembro de 2017

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A GÉNESE DE UMA ESTÂNCIA BALNEAR
O EXEMPLO DA PRAIA DE ESPINHO


O estar na praia: uma prática social que nasceu em Inglaterra

     De um modo geral a época anterior ao século XVIII desconheceu quase por completo o prazer da vilegiatura marítima, da praia e do mar, bem como as emoções estéticas, físicas e mentais daí decorrentes. Aos poucos começou a atribuir-se cada vez mais atenção aos cuidados com a higiene corporal, em especial ao banho, que passou a ser visto como factor de saúde e higiene individual e colectiva. A medicina intensificou a prescrição de tratamentos curativos ou profilácticos de doenças do corpo e do espírito à base da água do mar, quer por imersão quer por ablução. Assim, a água deixou de ser vista com carácter de suspeição, como o fora durante quase toda a Idade Moderna e passou a ser encarada como um agente revigorante e protector da pele e dos outros órgãos. Como refere o Professor Rui Cascão nas suas “Notas para a História do Turismo Balnear”, assim se compreende a importância progressivamente conferida à talassoterapia.
     Com o decorrer do século XIX os habitantes da Europa Ocidental começaram a procurar a praia como local de veraneio. O gosto pelo mar foi ganhando raízes, e entre finais do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX, período que corresponde aproximadamente ao Pré-Romantismo e ao Romantismo, a ida a banhos passou a ser sinónimo de uma prática civilizada entre as elites. A Grã-Bretanha foi o primeiro país a adoptar esta prática. A aristocracia inglesa, que já tinha incutido entre os seus pares a vilegiatura termal, criou uma nova forma de lazer, a vilegiatura marítima, já perfeitamente implantada em finais do século XVIII, e na qual a praia de Brigthon funcionou como centro difusor deste costume. 
     Na última década do século XVIII desenvolveram-se centros estivais no litoral da Alemanha, com destaque para Doberan, Travemünde, Colberg e Kiel (no Mar Báltico), e Nordeney, Wyk e Helgoland (no Mar do Norte). Em França, o veraneio marítimo começou a dar os primeiros passos durante o período da Restauração (1815-1830), destacando-se as estâncias de Biarritz (que mais tarde seria o local privilegiado de veraneio para a aristocracia francesa, inglesa e castelhana), Dieppe, Boulogne, Royan e Granville. Nas costas do Mar Mediterrâneo, a difusão da vilegiatura marítima foi ainda mais tardia. Entre 1830 e 1848, o principal local de veraneio era Sète. As estâncias de Nice e Cannes só se fazem notar na segunda metade de Oitocentos, assim como as praias de Montecarlo (Mónaco), Baden Baden (Alemanha), San Marino (Riviera Italiana), Estoril, Cascais, Granja, Espinho, Figueira da Foz e Póvoa de Varzim (Portugal), Rio de Janeiro (Brasil) e Mar del Plata (Agentina), estâncias balneares que se tornaram famosas pela forte componente lúdica que foram desenvolvendo. A título de exemplo, a cerimónia de inauguração da praia de Dieppe, em 1824, pela duquesa de Berry, ao meio-dia preciso, e entrando no mar conduzida pelo inspector médico real das águas, foi um acontecimento de grande simbolismo, que elevou a estadia à beira-mar à categoria de prática social civilizada.


O papel da Burguesia

     Em Portugal a transição do jardim público para o espaço da praia só aconteceu depois da implantação do liberalismo (1820). A burguesia liberal foi a responsável pela introdução de novos padrões de comportamento que a distinguiram dos grupos sociais dominantes do Antigo Regime, e dois quais salientamos o reforço do papel da família na nova ordem social e a valorização do ócio e do lazer. Ao dotar as estâncias balneares do século XIX, de vários espaços sociais, próprios das grandes cidades, a burguesia fez desses locais, até aí considerados inóspitos, centros civilizacionais de extrema importância para os vários estratos sociais que se deslocavam para as praias. Para isso, foi decisivo o desenvolvimento dos transportes, em especial do caminho-de-ferro, e o papel da publicidade, que se tornou fundamental para a divulgação das estâncias balneares e das práticas de talassoterapia, impondo os locais da moda entre as elites, e contribuindo desse modo para a assimilação dos seus padrões de comportamento por parte dos outros grupos sociais.

Cosmopolitismo, sociabilidades e marginalidades em Espinho

     A praia de Espinho, de finas areias e com um relevo marcado por um encadeamento de dunas, era, no primeiro quartel do século XIX, uma pequena povoação habitada por pescadores oriundos do Furadouro que para aí foram trabalhar e que acabaram por se fixar junto à costa, desenvolvendo a tradicional pesca do arrasto ou arte xávega. A partir de 1830 a burguesia dos concelhos limítrofes começou a utilizar o espaço da praia como local de férias, costume que aos poucos foi transformando a estrutura habitacional da povoação: aparecimento dos primeiros palheiros de madeira ricamente ornamentados e das primeiras construções em pedra, por contraste com os pobres palheiros dos pescadores, num claro sinal de distinção social.
         
     Na segunda metade do século XIX, e nomeadamente com a abertura da linha do caminho-de-ferro do Norte, a praia ganhou o estatuto de afamada estância balnear. O novo meio de transporte alterou por completo o seu quotidiano: atraiu mais população; fixou novas indústrias e, consequentemente, aumentou os postos de trabalho; criou novas oportunidades ao nível dos serviços e do comércio; ligou Espinho aos principais centros populacionais portugueses, e também à vizinha Espanha; foi um elemento essencial para a mobilidade de pessoas e bens, designadamente dos vilegiaturistas que todos os anos veraneavam nesta estância. Em suma, foi um potencial gerador de riqueza.

     O aumento progressivo do número de residentes e de veraneantes, bem como a introdução de hábitos e costumes próprios de uma cultura urbana, contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento económico e social da estância balnear. Neste aspecto, foi de importância capital a passagem a freguesia em 1889, e dez anos mais tarde a concelho (autonomia administrativa), a definição de uma malha urbana em quadricula, a expansão da indústria e, principalmente, do comércio e dos serviços, além da construção de uma rede de infra-estruturas (água, esgotos, electricidade, telefone, telégrafo, ruas e parques) e de equipamentos de lazer (teatro, cafés e casinos, cinemas, praça de touros, e espaços desportivos).            

    O interesse pela frequência da praia como uma atitude de distinção social e de ostentação do novo poder burguês alargou-se aos outros estratos sociais. A publicidade começou a mostrar às pessoas que o banho de mar era uma prática civilizacional e, por outro lado, a medicina difundia a ideia da praia terapêutica e da talassoterapia como cura para vários males. A este facto se deve a abertura de vários balneários com banhos quentes e frios, de água doce e salgada, entre 1890 e 1915, o maior dos quais situado na rua 8, no edifício da antiga sede do S. C. Espinho, comportando 16 quartos para banhos de imersão e 5 quartos para duches. Este balneário recorria ao serviço de técnicos especializados, nomeadamente de uma enfermeira diplomada do Hospital da Misericórdia do Porto e do estabelecimento termal de Vidago.

     Espinho, como uma praia abrangente, e ao contrário de praias mais elitistas, recebia veraneantes das mais variadas origens sociais que se deslocavam de quase todos os distritos do país. A presença de uma alargada colónia balnear espanhola, oriunda principalmente da Estremadura e da cidade de Madrid, dava um toque de cosmopolitismo – a língua de Cervantes ouvia-se em todos os recantos da estância durante os meses de Julho e Agosto. A praia também registava uma forte presença de titulares; encontrámos, no decorrer da nossa investigação, muitos aristocratas que frequentavam em simultâneo as estâncias balneares de Espinho e da Granja. A participação de algumas destas famílias na vida social, não se resumia só aos banhos de mar ou às festas. É nítida a preocupação beneficente em prol dos indigentes. Os capitalistas e proprietários, juntamente com os magistrados, têm um peso significativo no cômputo geral dos turistas portugueses que se deslocavam para Espinho. Os escritores, os músicos e os pintores, que aqui veraneavam, formavam uma elite intelectual muito própria desta praia, animando a vida cultural, especialmente as tertúlias e os concertos que decorriam nos cafés mais concorridos. Os lavradores e os pescadores tinham uma visão da utilização do espaço da praia diferente dos outros grupos. Os lavradores dirigiam-se para a praia tendo como única finalidade a terapia marítima. É um grupo que prima por uma presença discreta que se reflecte nos horários dos banhos e na ausência de contactos sociais com os outros grupos. As diferenças económicas e culturais contribuíam de alguma maneira para esse afastamento. Em relação aos pescadores a situação era diferente. Dependentes exclusivamente do mar, viveram sempre numa luta constante pela sua sobrevivência. Para o pescador, o espaço da praia funcionava não como um elemento conducente a práticas consideradas pelos grupos superiores como civilizadas, mas sim como um meio natural, muitas vezes adverso, que lhe permitia a sua subsistência diária. A sociabilidade com os outros grupos manifestava-se, sobretudo, ao nível das práticas religiosas e das actividades lúdicas de rua. Verificamos porém, que só aqueles que tinham um grau de instrução mais elevado é que participavam nas actividades culturais.

    A componente lúdica e festiva no quotidiano do veraneante foi, ao longo dos anos, ganhando mais importância. A este facto não é alheio o grande número de clubes que foram fundados. A vida “mundana” passava muito por estas instituições particulares. A admissão e presença num clube eram selectivas e variava de acordo com o estatuto social do cidadão. Assim, a maioria dos grupos sociais não participava nessas festas e actividades lúdicas. O pescador, o lavrador, e o operário, quando muito vai a um café, a uma tourada ou participa nos festejos de carnaval e na batalha de flores. De todos os divertimentos consideramos a batalha de flores como uma novidade em face das formas de sociabilidade tradicional. Uma novidade para os residentes e veraneantes que vão ter uma participação activa nestes festejos, mas também para centenas de forasteiros que se deslocavam a Espinho atraídos pelo ambiente colorido de um carnaval fora da época.
 
    O teatro foi uma das manifestações culturais que teve maior sucesso. A praia de Espinho fazia parte do roteiro anual das mais importantes companhias portuguesas de teatro profissional, e também das companhias italianas e espanholas de zarzuela. O teatro amador começou por estar confinado aos elementos da elite balnear, estendendo-se aos grupos recreativos que foram os grandes promotores da cultura popular. O grupo recreativo, ao contrário da maioria dos clubes, integrava elementos dos estratos sociais mais baixos, acabando por ser, para muitos cidadãos, o único meio de acesso às práticas culturais. A sua actividade repartia-se por áreas como o teatro amador, a música, a dança, a instrução e o desporto. O teatro manteve, ao longo dos anos, um peso significativo dentro do conjunto das actividades realizadas por estes grupos. De todos os géneros, o mais representado era a comédia. No entanto, começa a ganhar importância a temática relacionada com os problemas sociais e políticos, acompanhando a tendência e gosto naturalistas. O teatro de revista foi o género mais trabalhado pelos autores locais, e também aquele que obteve um êxito mais significativo.
         
     A música era a actividade cultural mais abrangente, fruto da sua descentralização por vários espaços da praia. Para os mais ricos, o teatro Aliança oferecia um cartaz onde primavam as companhias de ópera italiana e alguns intérpretes portugueses de música clássica. A actividade musical dos clubes incluía não só o tradicional “cotillon”, como também reuniões musicais nas quais participavam artistas conceituados na área da música clássica portuguesa. Os cafés apresentavam diariamente saraus musicais de inegável qualidade com a presença de duetos, quartetos, quintetos e sextetos de categoria internacional. Nos coretos, as bandas de música tocavam peças do seu repertório, incluindo alguns temas dedicados à praia Espinho. Eram, por excelência, os locais de mais fácil acesso à cultura musical. As sociedades musicais, designadamente o Orfeão de Espinho e o seu principal impulsionador, o Maestro Fausto Neves, com uma vasta obra repartida por várias especialidades, marcaram durante longos anos a vida musical espinhense.

     As formas tradicionais de cultura vão ser abaladas com a introdução do cinema. Espinho tem os primeiros contactos com o animatógrafo, praticamente em simultâneo com as cidades de Lisboa e do Porto. A adesão ao cinematógrafo foi maciça, e os vários grupos sociais acorriam às seis salas de cinema fundadas entre 1896 e 1930. As fitas contempladas reproduzem, sobretudo, o melhor cinema realizado pelas produtoras francesas “Pathé” e “Gaumont”. O cinema português, a dar os primeiros passos, não tinha qualquer expressão dentro das salas de cinema, nem tão pouco podia concorrer com uma produção cada vez mais industrializada.

     A imprensa local desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do concelho: defendeu a autonomia administrativa, denunciou erros políticos e apresentou soluções para alguns dos graves problemas que afectavam a estância balnear. Foi importante para a definição e estratégia das várias facções partidárias que lutavam pelo poder, e como formadora e modeladora da opinião pública. Contudo, os periódicos espinhenses, com a excepção da Gazeta de Espinho, deixaram-se absorver por esse poder e não resistiram à queda do regime monárquico. Mas o jornal não foi só utilizado para fins políticos – para a maioria dos cidadãos era o único meio de informação e de acesso à notícia, e também um agente de formação intelectual e de dinamização cultural. Muita da literatura e da poesia que se fazia era consumida através dos periódicos. Na área dos negócios, nota-se a importância do semanário como um agente de “marketing” para uma boa parte das indústrias, casas comerciais e dos espaços públicos de lazer.

     Com o decorrer dos anos, o movimento associativo foi ganhando mais força. Surgiram associações das mais variadas índoles: culturais e recreativas, religiosas e desportivas, mutualistas e assistenciais, políticas e patronais. O fenómeno desportivo, como uma das novas formas de sociabilidade dos finais do século XIX, foi uma prática que adquiriu expressão nesta praia. A tradição do associativismo foi sobrevivendo às sucessivas gerações e continua muito activa na vida dos espinhenses.           


     As festas religiosas perderam algum terreno em face da expansão da sociabilidade profana. As procissões do Senhor dos Enfermos, Santíssimo Sacramento e do Sagrado Coração de Jesus tornaram-se irregulares, até que acabaram por se extinguir. No entanto, a festa de Nossa Senhora da Ajuda, padroeira da praia, manteve-se incólume e sem grandes alterações. O mesmo sucede com a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda que, desde 1885, mantém o culto da Virgem Maria. Por sua vez, as festividades em honra dos Santos Populares, com excepção do Santo António que pouco ou quase nenhum significado teve nesta praia, foram resistindo ao tempo. Podemos, todavia, afirmar, que estas manifestações populares assumiram sempre um carácter mais profano do que religioso.   

     O jogo e a prostituição eram duas práticas sociais consideradas marginais e, por esse motivo, geradoras de grande polémica. Em face da Lei, o jogo de fortuna ou azar era proibido pelo Código Penal, no entanto, foi sempre tolerado pelas autoridades através da ambiguidade do Código Administrativo e só em 1927 é que foi criado o decreto de lei que regulamentou esta prática. A grande fonte de rendimento que gerava não permitia ao Estado, nem tão pouco aos municípios, que dependiam em boa medida dessas receitas para a sua sobrevivência, aplicarem a tão conturbada Lei. Praias como Espinho, Figueira da Foz e Póvoa de Varzim devem uma boa parte do seu desenvolvimento a essa prática. Pensamos que um dos factores que levou ao declínio da Praia da Granja foi precisamente a não existência de uma tradição de jogo. A prostituição movimentava-se bem neste ambiente cosmopolita, e a sua prática obedecia ao regulamento de polícia sanitária do distrito de Aveiro. A prostituta era vista como um mal necessário que a sociedade devia em simultâneo tolerar e controlar. As prostitutas eram colocadas em ruas destinadas a esse serviço, afastadas do núcleo habitacional da freguesia. Era, sobretudo, uma prostituição de quarto de aluguer e de casa de toleradas.  

Armando Bouçon









quarta-feira, 27 de setembro de 2017

OS ESPAÇOS DA VIDA ELEGANTE EM ESPINHO


O Chiado

      A regeneração dos costumes e o inerente desenvolvimento urbano trouxe à vida quotidiana dos principais centros um novo espaço – o passeio público. Em Espinho, o local designado por “Chiado” era o centro da vida social, um símbolo da civilização burguesa. Ao contrário de alguns passeios públicos das grandes cidades que eram considerados socialmente mais restritos, o “Chiado” de Espinho era um espaço aberto a todos os estratos, mas não menos interessante do ponto de vista da ostentação social. Ficava situado a jusante da linha do caminho-de-ferro, entre a rua Bandeira Coelho (19) e a Avenida Serpa Pinto (Av. 8), e aí se situavam os principais cafés, casinos, cinematógrafos e também a Assembleia, local muito frequentado pelas elites. Passear “de cá para lá e de lá para cá no grande arruamento central”, como escreveu Ramalho Ortigão, obrigava a uns certos cuidados, principalmente com o trajar, motivo de crítica para os olhares mais atentos. Funcionava como uma autêntica “passerelle” da moda e dos novos costumes. Com o sucessivo encerramento dos cafés e das suas esplanadas este espaço perdeu o esplendor que havia adquirido nos anos cinquenta e sessenta do século XX e morreu com o enterramento da linha férrea.

Os Cafés

     Os cafés em Espinho, entre os finais do século XIX e os anos 70 do século XX, marcaram a vida social e cultural da vila e cidade de Espinho. Eram espaços de acesso democrático e com uma forte componente cultural, resultante da frequência em maior número de um grupo social intelectualmente mais evoluído, constituído por políticos, médicos, literatos, jornalistas, músicos, militares e industriais. O hábito de beber café, a leitura dos jornais, as cavaqueiras políticas, os amores, o jogo, as tertúlias literárias, os bailes e o gosto pela música marcavam o quotidiano destes espaços de sociabilização. De todas estas manifestações socioculturais a música era uma componente essencial para atrair mais clientela. Os proprietários desses “cafés-concerto” disputavam entre si a concorrência e, para o efeito, contratavam duetos, quartetos, quintetos e sextetos de categoria nacional e internacional. No Verão e em dias festivos, as esplanadas dos cafés enchiam-se de veraneantes que faziam do “Chiado” o centro da vida cosmopolita espinhense. O Chinês, Bragança, Peninsular, Central, Madrid, High-Life e, mais tarde, o Palácio, Gil, Costa Verde, Moderno, Nosso Café, Avenida e Cristal foram, à sua medida, elementos decisivos na formação de uma cultura urbana muito característica da cidade de Espinho.


Os Casinos

     Se existe terra em que a tradição do jogo de fortuna ou azar se enraizou, de tal forma que a cidade já não “vive” sem o seu casino, essa terra é Espinho. A história do jogo nesta praia começou a partir da segunda metade do século XIX nos cafés e tabernas que dispunham de salas próprias para esta prática social. Os casinos pululavam numa zona compreendida entre a Av. Serpa Pinto (Av. 8) e a rua Bandeira Coelho (rua 19). Existiam casinos de “alta esfera” e casinos de “baixa esfera” ou “pataqueiras”. Uma das mais emblemáticas salas de jogo do Portugal de Oitocentos foi o Casino Chinês, designado por Ramalho Ortigão como “Celeste Império”, todo decorado com motivos orientais, destacando-se no seu centro a figura imponente de um mandarim de prata. A prática do jogo e o volume de dinheiro que já movimentava, fizeram desta actividade um trunfo político para várias lutas, entre as quais destaco a independência administrativa concelhia com a separação da freguesia de Espinho do concelho de Santa Maria da Feira. Em 1908 existiam seis casinos com contabilidade organizada – Boa Vista, Bragança, Central, Chinês, Peninsular e Pires. O Decreto de 1927 que veio regulamentar o jogo de fortuna e azar continha aspectos positivos e negativos para os municípios: acabou com a dualidade de critérios expressa nos Códigos Penal (proibição) e Administrativo (tolerância); obrigava as sociedades concessionárias a dotarem os casinos de um conjunto de infra-estruturas ligadas ao sector do turismo (parques, restaurantes, hotéis e esplanadas), da cultura (salões de leitura, conferências, exposições, dança, teatro e cinema) e do desporto (campos de jogos); só contemplou  duas zonas (Estoril e Ilha da Madeira) com a concessão permanente, prejudicando as pretensões de praias como Espinho e Figueira da Foz que lutaram pela atribuição dessa concessão; a exclusividade do direito de exploração do jogo atribuído a uma única empresa terminou com os restantes casinos existentes; reforçou o papel centralizador do Estado ao atribuir somente 10% das receitas para as Câmaras Municipais do concelho da zona de jogo respectiva. A partir de 1928 várias empresas concessionárias deram continuidade à manutenção da tradição do jogo em Espinho com destaque para os nomes de Mário Ribeiro, Armando e Arnaldo Crespo, Afonso Pinto de Magalhães, David Sousa e Manuel de Oliveira Violas.        


Os Cine-Teatro

   
     O Teatro Aliança foi na praia de Espinho a “grande” sala de espectáculos até à inauguração do Cine-Teatro S. Pedro em Agosto de 1947. O edifício abriu as suas portas em 20 de Agosto de 1890 e ficava situado no ângulo das ruas Bandeira Coelho (rua 19) e Av. do Teatro (rua 16), no espaço hoje ocupado pela Caixa Geral de Depósitos. Para lá das muitas peças de teatro profissional e amador que foram levadas à cena, o Aliança foi a principal sala de cinema da freguesia de Espinho. Os anos 40 do Século XX trouxeram novos espaços à vida política, social e cultural desta Praia, com destaque para o edifício dos Paços do Concelho, a Piscina Solário Atlântico e o Teatro S. Pedro, uma sala moderna com uma capacidade de 1.100 lugares sentados repartidos por plateia, balcão, camarotes e geral. O velho S. Pedro foi uma verdadeira escola de cultura cinematográfica para muitas gerações de espinhenses. A sua demolição, que para muitos representou um verdadeiro atentado à dignidade da cidade e para outros novos ares de modernidade, pôs fim a uma cultura urbana que marcou a vida da estância balnear desde os inícios do século XX.

Armando Bouçon









terça-feira, 26 de setembro de 2017


 A FORMAÇÃO DO CONCELHO DE ESPINHO


     As primeiras referências a Espinho como uma das principais estâncias balneares do país datam da segunda metade do século XIX. Até 1855 a Costa de Espinho pertencia à freguesia de Ovar, passando por Decreto de 24 de Outubro desse ano a fazer parte da freguesia de Anta, concelho da Feira. Em 23 de Maio de 1889 foi criada a Paróquia de Espinho, tendo o decreto-lei de 30 de Dezembro de 1890, publicado no diário do Governo de 5 de Janeiro de 1891, determinado a criação da freguesia civil.

     A criação do novo concelho, com uma única freguesia, surgiu dez anos depois, em 1899, com o Decreto-Lei de 17 de Agosto, que concretizou as pretensões da população. No ano seguinte à emancipação administrativa, Espinho foi abastecido de água, as ruas começaram a ser limpas e arborizadas, concretizou-se o alargamento das passagens de nível e o arranjo da escola Conde Ferreira. A Planta desenhada em 1900 pelo Eng. Bandeira Neiva continua a ser um dos maiores patrimónios de Espinho, conferindo-lhe uma singularidade tal, que os números dão “nome” às ruas.

    Com a abertura da linha do caminho-de-ferro do Norte, o novo meio de transporte alterou por completo o quotidiano da estância balnear: atraiu mais população; fixou novas indústrias e, consequentemente, aumentou os postos de trabalho; criou novas oportunidades ao nível dos serviços e do comércio; ligou Espinho aos principais centros populacionais portugueses e também à vizinha Espanha; foi um elemento essencial para a mobilidade de pessoas e bens, designadamente dos vilegiaturistas que todos os anos voltavam a Espinho. Verdadeiro ex-libris do concelho, a praia de Espinho teve um rápido desenvolvimento, tornando-se um pólo fundamental de atracão turística e uma referência para toda a região.

    Em 11 de Outubro de 1926, e por força do Decreto-Lei n.º 12437, publicado pelo Governo Provisório chefiado pelo general Óscar Carmona, concretizou-se o alargamento do concelho às freguesias de Anta, Guetim, Paramos, Silvalde, Esmoriz, Oleiros e Nogueira da Regedoura, processo que decorreu de uma consequência natural da dinâmica da vila e do seu desenvolvimento turístico e económico como unidade administrativa comum, sendo promovido à categoria de concelho de “segunda classe”. Em Abril de 1928 o Decreto-Lei n.º 15395 desanexou as freguesias de Esmoriz, Oleiros e Nogueira da Regedoura, fixando os actuais limites do concelho. A 16 de Junho de 1973 a Vila de Espinho foi elevada à categoria de cidade e as freguesias de Anta e Silvalde à categoria de Vila, em 27 de Maio de 1993 e 1 de Julho de 2003, respectivamente.

      A identidade do território espinhense extravasa a orla marítima e percorre um conjunto de lugares com características muito próprias, assentes numa tradição cultural singular que remonta a um passado longínquo e do qual a ruralidade se assume como um factor coevo de ligação entre a terra e o mar.

     Composto na actualidade por quatro freguesias (Espinho, Anta/Guetim, Paramos e Silvalde), no âmbito da Lei n.º 11-A/2013 de 28 de Janeiro, o concelho de Espinho apresenta uma economia basicamente assente nos sectores secundário e, sobretudo, terciário. O tecido industrial integra algumas empresas sediadas em várias freguesias e apostadas na peculiaridade e internacionalização dos seus produtos e na procura de novos mercados.

    Um conjunto vasto de património histórico, com destaque para a componente arqueológica, religiosa e civil encontra-se em todo o concelho. O Museu, a Biblioteca Municipal e o Centro Multimeios são equipamentos dinamizadores de muita da atividade cultural e científica que se produz anualmente no município.

       Do ponto de vista desportivo, a cidade tem uma história muito rica, continuando a promover tudo o que é desporto. O Oporto Golf Club, a Nave Polivalente, o Complexo de Ténis, as Piscinas e um conjunto de infraestruturas desportivas espalhadas por todas as freguesias, permitem aos espinhenses e àqueles que nos visitam a prática de diversos desportos.

      Com o decorrer dos anos o movimento associativo foi ganhando mais força. Surgiram associações das mais variadas índoles: culturais e recreativas, religiosas e desportivas, mutualistas e assistenciais, políticas e patronais. Foram no passado, e continuam a ser no presente, o grande motor de toda a vida social, cultural e desportiva do concelho.

Armando Bouçon






                                    


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

FESTAS EM HONRA DA NOSSA PADROEIRA
NOSSA SENHORA DA AJUDA
Apontamentos para a história do culto Mariano na cidade de Espinho

«O culto Mariano foi aquele que atingiu maior expressão nesta Praia, merecendo a Nossa Senhora da Ajuda honras de Padroeira da povoação piscatória . Desse modo, a única festa que se realiza nesta freguesia dedicada ao culto de Maria remonta à segunda metade do século XIX . A imagem de Nossa Senhora da Ajuda, começou por ser venerada na capela de Nossa Senhora da Guia que havia sido construída em 1808 e demolida em 1883, ano em que foi benzida a primeira capela com a invocação da padroeira. O novo edifício ficava situado “no centro da povoação, ao norte da praça nova, ficando-lhe fronteiro um grande e espaçoso largo e havendo em redor d’ella o espaço necessário e desafogado para ser circuitada por qualquer procissão religiosa [e] que [tinha] a capacidade necessaria e até mais que sufficiente para abrigar dentro aquella população já assás numerosa, pois que muito propriamente podia chamar-se de Egreja do que capella e Egrejas Parochiais [havia] como as de Oleiros, Nogueira e Guetim, mais pequenas” .
A capela possuía um Sacrário, várias imagens de santos, um amplo coro, dois púlpitos, sacristia, uma lâmpada sempre acesa e capelão privativo. A população, para além de prestar culto a Nossa Senhora, era muito devota do Santíssimo Sacramento . Em 1886, a capela “foi elevada à categoria de igreja, passando a matriz quando em 1889, Espinho se constituiu em freguesia” . Em 1910, e devido à destruição pelas invasões do mar da capela que estava ao serviço do culto Mariano, a imagem da Senhora da Ajuda foi definitivamente transferida para a capela de Santa Maria Maior, onde hoje se encontra, e que foi construída em 1877 na rua da Graciosa (8) em frente à linha do caminho-de-ferro .
Os festejos em honra da Padroeira começaram a ser realizados por comissões de pescadores de Espinho. A partir de 1883 receberam o apoio da “Comissão Zeladora do Santíssimo Sacramento da Capela de Nossa Senhora da Ajuda” . Em 1885 foi constituída a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda que ainda tem como primeira finalidade sustentar o culto e veneração da imagem da Virgem Maria, nomeadamente através da celebração anual, no 3.º domingo de Setembro, das festas em honra da Padroeira .
No essencial, tanto a festa religiosa como a profana, não sofreram grandes modificações no decorrer destes anos. A parte religiosa constava de missa a grande instrumental (coro e orquestra), sermão matutino e vespertino, e “majestosa” procissão com vários andores (Senhora da Ajuda, Santa Rita, S. Sebastião, S. Francisco, etc.), muitos anjinhos e devotos. O préstito percorria as principais ruas da Praia, vistosamente iluminadas e embandeiradas, num cenário requintado pelas colgaduras de damasco que se estendiam nas janelas .
A parte profana, que decorria durante todo o fim-de-semana, incluía uma salva de vinte e um tiros a marcar o início dos festejos, fogo-de-artifício e de bonecos, música nos coretos e nas ruas, comidas e bebidas, venda de quinquilharias e artesanato de barro, barracas de tiro ao alvo, corridas de touros, e a tradicional feira das cebolas, no último dia da festa (Segunda-feira) . Predominam os requerimentos enviados à Câmara Municipal a solicitar a respectiva licença para a venda de alimentos (principalmente doces) e bebidas, assim como as barracas de tiro. Os vendedores ambulantes ocupavam sobretudo as ruas situadas a jusante da estação do caminho-de-ferro, em especial o largo de Nossa Senhora da Ajuda, Av. Serpa Pinto (Av. 8) e ruas do Cruzeiro (2), Bandeira Coelho (19) e Bandeira Neiva (23). O Largo e rua da Graciosa (8) era outra zona muito movimentada .
Um dos maiores problemas que se colocava aos organizadores da festa e ao município era a segurança de pessoas e bens. Todos os anos acorriam a Espinho milhares de forasteiros e, por esse motivo, a Companhia do Caminho de Ferro realizava comboios especiais entre Porto e Aveiro a preços reduzidos. Dos comboios saíam “cegos, aleijados, fidalgos e plebeus, tudo [vinha] prestar homenagem a Nossa Senhora d’ Ajuda” . A circulação por ruas e avenidas era bastante complicada, o mesmo acontecendo à entrada dos cafés, hotéis e casas de pasto. Na “estação do caminho-de-ferro, empurrões, apertos e os lugares eram disputados a murro” . Este ambiente buliçoso, propício a carteiristas e passadores de notas falsas, exigia todos os anos um reforço policial por parte do destacamento da polícia civil de Aveiro. Mais tarde, passou a contar com o apoio de agentes da polícia judiciária do Porto .
A Irmandade suportava as despesas da festa que englobavam a cera para os altares e lustres, padres para a missa e procissão, armação da igreja, música para os três dias, pregador, arranjo dos andores, iluminação do arraial, foguetes e fogo de artificio . A despesa com as forças policiais estava a cargo da Câmara Municipal.»
In "Sociabilidades e Marginalidades em Espinho - Práticas Sociais, Culturais e Associativas (1889-1915)".
NOTA: O cliché da fotografia Celeste refere "Capela de Nossa Senhora da Ajuda", quando deveria referir "Capela de Santa Maria Maior".

Armando Bouçon









sábado, 23 de setembro de 2017

PISCINA SOLÁRIO ATLÂNTICO


Com o decreto da regulamentação da lei do jogo de fortuna e azar de 3 de Dezembro de 1927, as sociedades concessionárias dos novos casinos, em consonância com os municípios, foram obrigadas à construção de um conjunto de infra-estruturas de cariz cultural e de lazer. Em Espinho, a reestruturação de velhos espaços e a criação de novos edifícios com a intenção de modernizar e tornar a estância balnear mais apelativa surgiu na década de 30 do século XX e, em especial, com o decorrer da década de 40. O Casino, o Palácio-Hotel, os actuais Paços do Concelho, a Piscina e o Cine-Teatro S. Pedro, exemplificam bem essa época de mudança. O papel desempenhado por várias sociedades de melhoramentos que se foram formando e que tiveram por missão impulsionar o desenvolvimento da terra, também se fez sentir no processo de construção da piscina pública. 
A história da sua edificação começou em 16 de Março de 1938, data em que foi presente à Câmara Municipal um requerimento assinado pelos irmãos António e Alberto Calheiros Lobo e José de Almeida Francez, no qual manifestavam o desejo de instalar no norte de Portugal uma piscina onde se pudessem praticar “todos os desportos de natação, [e] cujo melhor local para a sua instalação seria no terreno que confronta[va] do norte com a rua 13, do sul com a rua 17, do nascente com a rua 4 e do poente com a esplanada à beira-mar.” (Defesa de Espinho, 20 de Março de 1938) Na sequência desse desejo expresso, solicitavam a cedência do terreno inserido no espaço compreendido pelas respectivas ruas, afim de poderem executar o seu plano. Os signatários informaram a autarquia que o projecto da obra incluía “todos os aperfeiçoamentos modernos, muito superiores aos dos estabelecimentos congéneres existentes em Portugal, podendo ombrear com as melhores piscinas estrangeiras, sendo o seu custo de algumas centenas de milhares de escudos.” (Defesa de Espinho, 20 de Março de 1938) O sonho tornou-se realidade quando, em 1940, a Câmara Municipal resolveu abrir concurso para a construção de uma piscina-solário.
A proposta, memória descritiva, orçamento e plantas para a construção e exploração, durante 20 anos, de acordo com o regulamento do concurso, de uma piscina-solário, com campo de ténis e minigolfe, foi apresentada à Câmara Municipal em 13 de Novembro de 1940. A elaboração da respectiva proposta foi da competência da Empresa de Melhoramentos de Espinho – Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, com sede e escritório na rua 8, número 271. A constituição definitiva da Sociedade de Melhoramentos realizou-se por escritura notarial em 15 de Novembro de 1941. Dessa sociedade faziam parte o médico Agostinho Calheiros Lobo, os industriais Antero Calheiros Lobo, José Alberto Calheiros Lobo, José de Souza Almeida Francês, Lino Marilio do Nascimento, os proprietários António Augusto de Vilar Saraiva e António Cardoso de Freitas, e os comerciantes Belmiro Ribeiro, José Augusto Rezende Júnior, Mário Pinto Bizarro e Mário Victor Marques Guimarães. Os irmãos Agostinho e Antero Calheiros Lobo e José Augusto Rezende Júnior foram autorizados, em nome da sociedade, a outorgar e assinar o contrato de concessão da construção e exploração da piscina-solário. (Defesa de Espinho, 23 de Novembro de 1941)
O projecto foi elaborado pelos arquitectos portuenses Eduardo Martins e Manuel Passos, sendo depois submetido à Comissão de Estética que o aprovou por unanimidade e, também, enviado à Comissão do Domínio Público Marítimo para se pronunciar. O orçamento apresentado importava em 971.587$37. (Defesa de Espinho, 17 de Novembro de 1940) Do projecto inicial constava a construção de um tanque com 50m de comprimento por 20m de largura e um outro tanque, para crianças, de 10m x 9m, trezentas cabines-vestiário, instalações para diversas espécies de banhos, ginásio e bar “dancing” e, ainda, bancadas em cimento com lotação para 1000 pessoas, entre outras zonas de lazer. O projecto acabaria por ser ampliado com mais trinta metros, tendo sido a empreitada geral adjudicada ao construtor civil António Catarino da Fonseca por cerca de dois mil contos. Finalmente, no Verão de 1942, começavam as tão desejadas obras. (Defesa de Espinho, 30 de Agosto de 1942) A construção do campo de ténis e do mini-golfe não foi concretizada, e em sua substituição foi construído um parque infantil, denominado Paraíso das Crianças, que ocupava o quarteirão situado entre a piscina e o ring de patinagem. O parque infantil dispunha de uma pista para bicicletas e triciclos, rampas, balancés, pontes e outros divertimentos. (Defesa de Espinho, 13 de Junho de 1943)
Em 10 de Julho de 1943, e após um ano de intenso trabalho, era inaugurada a Piscina Solário-Atlântico. Com uma área total de 6.200m2, o seu interior compreendia um tanque de 50x22m denominado “Atlântico”, com profundidade de 1,20 a 5m, outro de 20x10m, para crianças, denominado “Espuma do Mar”, com a profundidade de 0,80 cm, balneários diversos e para banhos de imersão, cabines individuais e colectivas, solários e ginásio. O bar e o restaurante conferiam ao recinto o aspecto próprio de uma grande obra. Por cima do solário principal (com capacidade para 600 pessoas) havia lugar para a colocação de bancadas amovíveis. A imagem de marca da piscina estava e continua a estar bem patente nas suas três pranchas de saltos (3, 6 e 10 metros), hoje desactivadas. Existiam ainda dois trampolins que ladeavam as pranchas, “tobogans” e colchões flutuantes, manufacturados com lã e cortiça. As piscinas são alimentadas com água do mar, na época da sua construção, captada em seis poços, água que era filtrada e renovada constantemente, e a sua iluminação profusa transmitia uma excelente visão nocturna. A cerimónia de inauguração contou com a presença dos alunos das classes infantil e juvenil da escola de educação física do S. C. de Espinho, orientados pelo professor Silvério Vaz, e com os nadadores do Sport Algés e Dafundo, Associação Portuense de Natação, Associação Aveirense de Natação e Associação de Natação de Coimbra. Das diversas provas realizadas destacaram-se uma demonstração de Polo Aquático com arbitragem de Bessone Basto e os saltos de prancha fixa e trampolim. O desportista Alberto César Machado ocupava o lugar de director técnico da piscina. Servindo desde a sua abertura como local de aprendizagem de natação para diversas gerações de espinhenses, o espaço, durante alguns anos, continuou, também, a ser utilizado para provas de natação, saltos e pólo aquático. 
O restaurante e bar de apoio, assim como o salão nobre, inaugurado em Julho de 1944, animavam com os seus jantares-concerto, bailes e festas, as noites espinhenses. Actualmente este espaço de lazer, que foi restaurado nos finais da década de 90, continua a ser muito frequentado e é uma das principais referências turísticas da cidade.

Armando Bouçon











sexta-feira, 22 de setembro de 2017

PASSERELLE



A "Passerelle" sobre a linha férrea do Norte, que estava situada junto à antiga Estação dos caminhos-de-ferro de Espinho, foi colocada em 1893 a pedido de uma Comissão de Melhoramentos da Praia de Espinho. A estrutura em ferro e madeira punha em comunicação a Avenida Serpa Pinto (actual Av. 8) e a Rua da Graciosa (actual rua 8) e era semelhante a uma "passerelle" que estava colocada na linha de Cascais. Este importante melhoramento foi de grande utilidade para a população espinhense, que diariamente tinha que esperar muito tempo para atravessar a Linha enquanto os comboios faziam as manobras na gare. A sua construção fez aumentar a procura pelos veraneantes das casas de aluguer situadas a nascente da linha férrea. Esteve em actividade até 1974.

Armando Bouçon





                         SERVIÇO EDUCATIVO 





O Serviço Educativo da Divisão de Cultura e Museologia da Câmara Municipal de Espinho propõe a consulta do boletim de atividades em vigor, que se encontra acessível em http://portal.cm-espinho.pt/fotos/editor2/Boletim/boletim_servico_educativo_2017.pdf

A inscrição para as atividades deve ser efetuada através do preenchimento do seguinte formulário https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScqPIf5X0RpXKYC0um0wLqTrqd6Xsm9TGKgQWSUdWOLpnmjSg/viewform

Informações: 

Telefone: 227326258
Facebook: Serviço Educativo / Divisão de Cultura e Museologia da C.M.Espinho
                                                

                       ATIVIDADES


VISITAS GUIADAS ÀS EXPOSIÇÕES PERMANENTES

Visita e acompanhamento às exposições permanentes: 
Fábrica Brandão, Gomes 
Arte Xávega
Bairro Piscatório

Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: alunos do 1.º, 2.º, 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário





VISITAS GUIADAS ÀS EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS

Exposições de artes plásticas, fotografia e documentais

Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: alunos do 1.º, 2.º, 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário




UM DIA NUM MUSEU PERTO DO MAR

Projeto dirigido a todas as escolas e grupos diversificados com atividades intimamente ligadas à história de Espinho, ao espólio do Museu, à praia e ao mar.

Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e grupos 























GRÃOS DE AREIA - A HISTÓRIA DE ESPINHO EM TEATRO DE SOMBRAS

É na praia que tudo começa, e cada grão de areia conta uma história... a história de Espinho, a história das gentes que trazem o mar nas mãos fortes e salgadas, nos olhos líquidos e profundos, no sangue azul.

Concepção e execução: Teatro e Marionetas de Mandrágora.
Manipulação – Promoção Cultural/ Serviço Educativo

Local: Museu Municipal
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e Grupos



























ExpressAR-TE!

Existem diferentes modos de se visitar e vivenciar uma exposição. Cada experiência é única e individual. Os diálogos que se podem estabelecer entre as obras artísticas e o observador/ fruidor também são múltiplos. Pode chegar a não existir diálogo. Através de diferentes modos de expressão pretende-se mediar possibilidades de comunicação em 59 minutos.

Local: Fórum De Arte e Cultura - FACE | Outros Espaços Culturais do Município
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: Escolas e Grupos







LATA A LATA | CONTOS NO MUSEU

Atividades de expressão plástica e narração oral, enquadradas no panorama da história local, precedidas de uma visita guiada às exposições permanentes do Museu Municipal. 

LATA A LATA (oficina de expressão plástica) A beleza das latas de conserva Brandão Gomes salta à vista de tão especiais que são. Vamos decorar uma lata com a tua marca pessoal. Reutilizar é essencial, mas a tua imaginação é crucial.

CONTOS NO MUSEU (narração oral) Todos os Museus contam histórias. O Museu Municipal de Espinho irá contar-te a história das gentes que trabalham e vivem do mar.

Local: Museu Municipal de Espinho
Horário: Segundas-feiras (exceto interrupções letivas) Duração | 45 minutos de visita guiada»pausa»90 minutos de atividade
Público-alvo: 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico (1 turma) Bilhete | 2.50€ 







A HISTÓRIA LOCAL VAI ÀS ESCOLAS 

Sessões pedagógicas que pretendem estimular crianças e jovens a descobrir e explorar a história local.

Local: Escolas do concelho de Espinho
Horário: Por marcação durante o período letivo
Público-alvo: alunos do 1.º, 2.º, 3.º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário





A HORA DOS MAIORES 

Atividade de convívio e partilha de leituras e saberes. O objetivo é proporcionar uma tarde diferente, acompanhada de boas histórias, conversas, jogos, música, cinema, promovendo a aproximação dos seniores ao Museu Municipal. 

Local: Museu Municipal de Espinho 
Horário: Primeira quinta-feira de cada mês | 15h00-16h30
Público-alvo: Seniores dirigida à população sénior do concelho